Em um intervalo de menos de duas semanas, o México sofreu com a ocorrência de dois fortes terremotos, sendo que o último culminou na morte de mais de 200 pessoas. Não é a primeira vez que o país é afligido por graves tremores de terra. Já foram registrados pelo menos oito deles cuja magnitude foi superior a 8.0 graus na escala Richter – terremotos a partir de 7.0 já podem ser destruidores
Entenda por que a região é tão propícia a terremotos tão destruidores. Há dois principais motivos:
Localização entre placas tectônicas
O México se localiza em uma área de instabilidade constante, resultado do encontro de quatro placas tectônicas: a das Caraíbas (a sudeste), a de Cocos (a sudoeste), a do Pacífico (a leste) e a Norte-Americana (no centro norte do país). A posição do país o torna uma das regiões mais sismicamente ativas do planeta, provocando terremotos e vulcões.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos explica que a placa Norte-Americana, onde está a maior parte do território mexicano, se movimenta em direção oeste, enquanto a placa do Pacífico se move em sentido nordeste. Com o enfrentamento das camadas sedimentares, a do Pacífico, mais densa, empurra a crosta continental para cima – por isso o país tem altas altitudes.
O resultado desse embate são constantes abalos sísmicos – podem ser registrados até 200 deles em um intervalo de 24 horas. E também os vulcões: quando empurrada para baixo, o solo oceânico derrete e é forçado para cima, entre as falhas da crosta continental.
Tipo de solo frágil
O relatório “Assessment of Regional Earthquake Hazards and Risk Along the Wasatch Front”, produzido pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, estudou o solo de diversos pontos de risco de terremotos na América do Norte e destacou como as condições dos sedimentos no México são delicadas.
A Cidade do México, onde morreram aproximadamente 9,5 mil pessoas no terremoto de 1985, está em uma zona de depósitos de águas de lagos de 35 a 50 metros de profundidade, diz o relatório.
Isso torna a superfície do solo frágil e “fofa”, o que amplifica os efeitos dos tremores de terra. De acordo com a publicação, o fator solo pode aumentar a gravidade do terremoto em até 500% nessas regiões.

Histórico de terremotos no México
O Serviço Sismológico Nacional do México informa que já ocorreram cinco terremotos acima de 8.0 graus na escala Richter no país. O primeiro registrado é de 1787, cujo epicentro foi na costa do estado de Oaxaca e a intensidade entre 8.4 e 8.7, segundo as evidências sedimentares.
No século 20 foram registrados os seguintes tremores: em 1932 na costa de Colima e Jalisco (8.2); em 1985 na costa de Michoacán (8.1); em 1995 novamente em Colima (8.1). O de 1985 foi o mais devastador da história do país, resultando em cerca de 9,5 mil mortes.
Tremores menores, contudo, são ainda mais comuns. Os dados disponibilizados pelo Serviço Sismológico Nacional mexicano informam que desde 1990 foram catalogados 17 terremotos de magnitude superior a 7.0 pontos.

Setembro de terremotos
No dia 10 de setembro de 2017 ocorreu o mais forte terremoto mexicano neste século. Com magnitude de 8.2 graus, o epicentro dele se deu no golfo de Tehuantepec, no meio do oceano Pacífico. Algumas construções foram destruídas no estado de Oaxaca e pelo menos 90 mortes registradas.
Em 19 do mesmo mês, o terremoto de 7.1 graus teve como epicentro o estado de Morelos, no centro do país. Causou mais de 200 mortes e atingiu cidades a um raio superior a 150 km, como a capital Cidade do México. O Serviço Sismológico Nacional mexicano relata que apenas neste dia foram registrados 47 tremores de terra.
Sismólogos e geólogos que investigam os fenômenos deram parecer de que ambos os terremotos foram motivados não por choques de placas tectônicas, mas por falhas geológicas nas rochas sedimentares no interior das placas tectônicas.
Mais fenômenos da natureza
- Entenda as diferenças entre ciclone, tufão, furacão e tornado
- Quais lugares do mundo têm mais risco de ter um terremoto?
- Como se forma um tsunami e quão forte ele pode ser?