A edição genética, enfim, começou a ser realizada em embriões humanos. É o que afirma o relatório publicado pelo MIT Technology Review em relação ao projeto que logrou produzir mudanças no DNA de embriões humanos com o uso da técnica de edição genética Crispr.
Edição genética em embriões
O trabalho liderado pelo cientista Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, é o primeiro a conseguir tais resultados no mundo ocidental.
Tal método já havia sido utilizado de forma bem-sucedida na China em três oportunidades, embora com ressalva dos pesquisadores chineses. No comunicado, o MIT afirma que ainda não foram disponibilizados os dados finais do projeto, mas que já se supõe que seu alcance é inédito.
O que faz a edição genética?
Ao alterar o código genético do DNA dos embriões humanos, o objetivo dos cientistas é, pelo menos em um primeiro momento, erradicar ou corrigir genes que estejam relacionados a doenças hereditárias.
Uma vez corrigido o “gene errado”, irá se desenvolver o feto e, consequentemente, o ser humano sem o problema de saúde. E, depois, não irá transmitir aquele código genético da doença para as próximas gerações.
O trabalho desenvolvido pelos chineses com o uso da técnica Crispr trouxe resultados irregulares. Por um lado provou a forma como se acessa e modifica o genoma humano, mas, por outro, não obteve total eficiência com o método: apenas algumas células eram alteradas e não todas, como o previsto – isso é chamado de mosaicismo.
Já o trabalho desenvolvido nos EUA parece ter resolvido o problema. “É prova de que o princípio pode funcionar. Eles reduziram significativamente o mosaicismo. Ainda não acho que seja o início dos ensaios clínicos, mas leva a possibilidade mais longe do que qualquer um antes “, afirmou um cientista envolvido no projeto.
Os embriões foram desenvolvidos por apenas alguns dias e nenhum deles será em um útero materno.
Questão ética: podem produzir “superhumanos”?
Ainda segundo a publicação do MIT, outros cientistas receberam a notícia com uma “combinação de admiração, inveja e alarme”. Isto porque é a primeira vez que a prática foi realizada nos EUA. Em 2016, parte da comunidade científica norte-americana chamou a técnica Crispr de “potencial arma de destruição em massa”.
Em animais, a modificação genética já é uma prática recorrente. Usando exatamente a mesma técnica, a Universidade de Bath, no Reino Unido, conseguiu conseguiu modificar a cor da pele de camundongos de marrom para branco.
Em humanos, a Academia Nacional de Ciências norte-americana definiu um limite para o aprimoramento genético: qualquer edição que aprimore traços ou habilidades além da saúde estão proibidos – como, por exemplo, genes que determinam a inteligência – o problema é que tal fronteira é de difícil detecção e fiscalização.
E também não há controle sobre o uso da tecnologia em países em que não há qualquer tipo de regulamentação, alertam os cientistas.
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