Passada a bem-sucedida repercussão das Olimpíadas 2016 no Rio de Janeiro, o Comitê Organizador da Rio-2016 teve que mudar os planos, enxugar os gastos e buscar novos patrocinadores para a realização dos Jogos Paralímpicos, que começam nesta quarta-feira (7).
Para isso, o comitê dispensou cerca de 1.900 funcionários temporários, cancelou alguns eventos oficiais e fez cortes na infraestrutura para a imprensa.
Poucos ingressos vendidos
Uma das grandes preocupações seria a baixa procura do público por ingressos. A Rio 2016 afirmou ter atingido a marca de 1,5 milhão de ingressos vendidos, número ainda considerado baixo para os organizadores, que contavam com uma meta de 2,5 milhões.
“As vendas e os patrocínios ficaram abaixo de nossas expectativas”, confessou Mario Andrada, diretor executivo de comunicações do Comitê Rio 2016.
Além disso, dos 11 patrocinadores mundiais das Olimpíadas, apenas quatro permaneceram investindo na Paralimpíada: Atos, Panasonic, Samsung e Visa. Isso, de acordo com informações de O Globo, “a custo de muita conversa e pedidos”.

Patrocinadores
Petrobras e empresas públicas
O anúncio da Petrobras como uma das patrocinadoras das Paralimpíadas pode ser encarado como um alívio nas contas. A estatal deve investir R$ 10,5 milhões no evento, tornando-se também patrocinadora oficial – algo que não aconteceu nas Olimpíadas, já que a Petrobras estava impedida, inclusive, de realizar campanhas de marketing com os atletas que patrocina num período de 15 dias antes e depois dos Jogos.
Este montante representa 10,7% do orçamento de R$ 98 milhões que a estatal destina este ano para o esporte.
Um dos pontos das negociações do patrocínio inclui campanha com atletas que a Petrobras já patrocinava antes, como é o caso do canoísta Isaquias Queiroz, único brasileiro a conquistar três medalhas numa única edição das Olimpíadas.
O patrocínio da Petrobras foi uma forma, segundo Andrada, de permitir a realização dos Jogos Paralímpicos. “O que precisamos fazer é focar em entregar Jogos Paralímpicos fantásticos, continuar a ser transparentes e prestar contas de como os recursos serão aplicados”, disse. Essa seria a razão para aceitar verbas públicas.
Além da Petrobras, os Jogos Paralímpicos terão contratos com outras estatais, como a Loterias Caixa e Apex. Isso garante investimento de R$ 65 milhões (ainda há negociação com mais uma empresa pública).
Somos patrocinadores oficiais dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. https://t.co/avcHNMcwBk pic.twitter.com/Jz0b2jt5BC
— Petrobras (@petrobras) August 31, 2016
Empresas privadas
Diferentemente dos Jogos Olímpicos, as Paralimpíadas permitem a exposição de marcas dentro das arenas esportivas. Isso também abre o leque para que empresas privadas, que não são patrocinadoras oficiais, também possam colocar seus anúncios nas quadras e ginásios dos jogos.
Uma das mais recentes a anunciar patrocínio foi a Ambev, maior empresa de bebidas alcoólicas do país. Eles não revelaram o valor do contrato, mas devem promover a marca Skol.
Ingressos baratos: problema
O baixo preço do ingresso pode representar um problema para atingir a meta de R$ 80 milhões de arrecadação com bilhetes. Pelo menos 80% deles custam até R$ 30, excluindo a meia-entrada de estudantes, idosos e cadeirantes.
“Se conseguirmos vender 2 milhões de bilhetes, temos a oportunidade de chegar aos R$ 80 milhões, mas isso não é garantido”, alertou o diretor comercial da Rio-2016, Renato Ciuchini.

O comitê organizador não deu detalhes sobre o que esse corte representa para os Jogos Paralímpicos, mas manteve o otimismo. “Os cortes não afetarão a experiência nem dos atletas nem do público. Temos certeza de que os Jogos Paralímpicos serão um sucesso”, disse, em comunicado oficial.
O diretor de comunicação do Comitê Internacional Paralímpico, Craig Spence, explica que a reviravolta nas vendas de ingressos, que antes do término das Olimpíadas não passava de 200 mil, mas saltou para 1,5 milhão em questão de semanas, deixaram os organizadores otimistas sobre a realização dos Jogos Paralímpicos.
“A Rio 2016 deve vender mais de 1,7 milhão de ingressos, o que a tornaria a edição com o segundo maior público dos Jogos Paralímpicos da história, apenas atrás da edição de Londres, em 2012”, conclui Spence. Na edição passada, o Comitê Olímpico informou ter gasto o equivalente a R$ 289,7 milhões nas Paralimpíadas.
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