
Sentir ciúme é parte da natureza humana, é uma resposta emocional que ocorre como resultado de um complexo processo psicológico que não é nenhum pouco agradável. Por isso, hoje vamos tentar descobrir o que é o ciúme e por que somos ciumentos.
O que é o ciúme?
Os ciúmes representam uma das emoções mais naturais e, ao mesmo tempo, uma das mais obscuras, danosas e incômodas que existem.
Há evidências de que esse sentimento é inerente à condição humana desde os tempos ancestrais, sendo, por exemplo, uma temática recorrente na mitologia grega e nas narrações da Bíblia (aparece em inúmeras oportunidades como um mal dos homens).
Esse sentimento está presente em outras espécies animais, tais como os chipanzés, os elefantes, os cachorros, entre outros.
Algumas pessoas acreditam que o ciúme é uma forma de inveja, mas a grande diferença é que o ciúme tem muito mais relação com a insegurança e o medo de perder algo, seja um objeto, uma pessoa, uma função, etc. Para entender melhor ambos os conceitos, vejamos como essas emoções são definidas pelo dicionário:
in·ve·ja |â ou ê ou âi|
substantivo feminino
1. Desgosto pelo bem alheio.
2. Desejo de possuir o que outro tem (acompanhado de ódio pelo possuidor).
ci·ú·me
substantivo masculino
1. Receio ou despeito de certos afetos alheios não serem exclusivamente para nós.
2. Inveja.
3. Receio.

Assim podemos dizer que inveja se refere a algo que pertence a outra pessoa, enquanto o ciúme está diretamente relacionado ao medo diante da possibilidade de perder algo que nós possuímos.
Por que somos ciumentos?
Embora na antiguidade as causas deste fenômeno tenham sido concedidas a divindades ou entidades sobrenaturais, agora sabemos que a responsabilidade é nossa. Com o surgimento da Psicologia no campo das ciências, e, sobretudo, com o surgimento da Psicologia Evolutiva, sabemos que tudo se passa dentro de nossos cérebros, tanto a maneira como estabelecemos nossas relações, como a forma que buscamos mantê-las (ou não).
Desse modo, de acordo com diversos psicólogos contemporâneos, os ciúmes são uma resposta emocional e inerente à natureza humana que ocorre da mesma forma tanto em homens como em mulheres e está ligado a uma questão muito simples: buscar proteger aquilo que aquilo que queremos para nós.

Os humanos apreciam e amam seus pertences, seu trabalho, seus amigos, seus parentes, etc. E a ideia de perder esse vínculo ou somente a ameaça da perda, nos tortura com esse sentimento horrível.
O ciúme muito tem a ver com as nossas capacidades cognitivas, como processamos a informação e como a mesuramos. Além disso, os ciúmes estão bastante relacionados com a sexualidade e a natureza de nossos hábitos reprodutores, mas não somente a isso, já que, voltando às capacidades cognitivas, as crianças e os bebês de apenas meses de idade podem apresentar esse tipo de emoção e comportamento.

É certo que aqui entram em jogo muitos dos aspectos citados anteriormente, em especial aqueles que estão relacionados aos processos cognitivos individuais. Porém, além de toda a questão social, cognitiva e cultural e de fatores que envolvem a idade, o gênero e a natureza psíquica de cada pessoa, também existem alguns detalhes a serem levados em conta quando adentramos no campo da Neurociência.
Deixando de lado os aspectos sociais, a Neurociência considera que existem diferenças entre os sexos e que, mais especificamente, as mulheres são mais ciumentas que os homens. Mas, para entrar nesse âmbito, devemos considerar uma complexa diferenciação entre o conceito de sexo e amor. Não entraremos em detalhes agora, mas vale à pena mencionar.

Mediante diferentes experimentos, foi determinado que quando a infidelidade se dá por meio de relações sexuais, provoca uma resposta na pessoa traída que representa um alto grau de ciúmes, junto com outros sentimentos como a raiva, a ira, etc. diferente de uma traição do tipo psíquica ou mais “espiritual”. Se a pessoa é infiel na cama, mas não há uma conexão entre o casal (o que chamamos de amor), o ciúme aparece em menor grau e as conseqüências são menos nocivas.

Existem diferentes tipos de ciúmes, desde os mais habituais, relacionados ao trabalho, à amizade, à família e ao romance, até os ciúmes anormais, que fazem fronteira com a paranóia e as patologias psicológicas. Bem, podemos dizer que os nossos ciúmes, em grande parte, são fruto de nossa insegurança, da nossa dificuldade em nos desenvolvermos como indivíduos independentes, o peso de nossas qualidades como sujeitos sociais e nosso profundo egoísmo.