O que acontece se a tocha olímpica apagar?

A chama olímpica representa a importância do fogo na Mitologia Grega. Baseado na história de Prometeu, que roubou o fogo dos deuses para dar aos homens, o fogo é um elemento sagrado.

Por isso mesmo a chama olímpica só pode ser obtida de uma forma: a partir dos raios solares projetados num espelho parabólico. Essa chama é ateada em Olímpia, na Grécia, para então ser transferida ao estádio principal do local em que os jogos serão realizados – neste ano, no caso, o Maracanã, nas Olimpíadas do Rio 2016.

Manter a chama acesa é uma preocupação que vem desde a Antiguidade. Por conta da importância do fogo, muitas chamas eram acesas. Assim, se uma tocha apagasse, não haveria problemas.

Por isso, o comitê viaja com quatro chamas mantidas seguramente em lamparinas douradas.

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A tocha já apagou?

Por mais que a tocha tenha toda essa proteção, ela está passível a ser apagada. Antes da celebração das Olimpíadas de 2008, em Pequim, a chama foi apagada durante o percurso, quando ainda vinha de Paris. Naquela ocasião, protestantes a favor do Tibete estavam manifestando, mas o mais irônico é que os responsáveis por apagá-la foram, justamente, os seguranças.

“O que parecia ser uma decisão motivada pelo pânico mostrou-se claramente uma vergonha para as autoridades francesas, que chegaram a colocar 3.000 policiais nas ruas”, conta uma reportagem do The Telegraph.

Na França, a chama foi apagada três vezes, mas como o recipiente com as lamparinas eram cuidadosamente armazenados, foi possível reacendê-la novamente. Na verdade, essa é uma norma básica antes da celebração de quaisquer Jogos Olímpicos.

Mas em nenhum momento da história houve mais ‘apagadas’ das chamas que nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014. No trajeto de mais de 50 mil quilômetros até chegar ao Mar Negro, passando pela Rússia, a tocha apagou 44 vezes, deixando o primeiro-ministro Vladimir Putin numa situação bastante constrangedora. O momento foi tão ‘épico’ que um guardião ‘salvou o dia’ usando um isqueiro para ajudar a chama a ficar acesa.

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Origem nazista

O primeiro evento marcante da representatividade da chama foi as Olimpíadas de 1928, em Amsterdã (Holanda). A construção de uma torre gigantesca no estádio olímpico deu um ar de grandiosidade que, anos depois, seria utilizada por Adolf Hitler durante as Olimpíadas de 1936 para fortalecer a propaganda nazista.

“Embora os publicitários retratem o revezamento da tocha como uma tradição antiga, citando as competições originárias da Grécia, o evento foi, de fato, uma invenção nazista”, afirmou a revista The Atlantic. “Era típico do amor do Reich pelas cerimônias grandiosas e alusões históricas aos impérios antigos”.

Essa tradição de ter um comitê responsável por entregar a tocha até o local é mantida até hoje. Afinal, ela reforça a importância das Olimpíadas.

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