Bolsa de Mulher – Você está namorando a Deborah Blando?
Malcolm Montgomery – Eu estou com a Deborah. Estamos juntos há oito meses, namorando. Ela foi morar comigo (risos). E agora a gente está montando uma casa nova.
BM – Quantos filhos você tem?
MM – Tenho dois, um de 18 e outro de 15. Eles me abandonaram.
BM – Moram com as mães?
MM – Não, eles viveram comigo muito tempo. Agora eles estão meio comigo, meio com a mãe. Mas, como eles estão grandes e a mãe se separou do segundo marido e está sozinha em casa, eles estão morando com ela para fazer companhia.
BM – É difícil se relacionar com mulheres bonitas e famosas?
MM – Olha, na verdade, eu conhecei a Milla porque a mãe dela era minha instrumentadora cirúrgica. Então, ela já era uma menina que tinha ido ao Japão, era independente quando eu a conheci. Eu costumava encontrá-la no clube. A gente começou a sair mesmo depois que ela foi me entrevistar no consultório, para um trabalho para a faculdade de jornalismo. Ela fazia comunicação nessa época. Eu tinha acabado de escrever um livro sobre paternidade nessa ocasião. Um se interessou pelo outro e começamos a sair e tal. Mas eu não tinha o conhecimento de que a Milla era uma pessoa pública porque eu não sabia que ela já tinha feito uma novela da Globo, eu quase não assistia televisão, e ela estava se dedicando somente à faculdade de jornalismo naquele momento. Eu realmente não conhecia a Milla como atriz, ela tinha feito uma novela só, quando era muito novinha, aos 18 anos. Ela já estava fora da televisão há cinco anos. Só depois de dez meses, ela foi chamada para fazer “A Viagem”. Ela nem ia aceitar o convite, mas eu estimulei: “Vamos fazer, você gosta!”. Aí ela foi voltando. Ela também não queria fazer a minissérie “Engraçadinha”. Aí eu falei que era um texto legal, Nelson Rodrigues. Eu tinha um amigo próximo que era psicanalista e que preparou a Milla para aquele papel e ela foi superbem.
BM – Ela estava ótima mesmo.
MM – Daí pra frente, ela realmente se tornou uma pessoa pública, fazia capas de revistas. É engraçado. Eu costumo atender muitas atrizes e modelos no consultório.
BM – Você poderia citar o nome de algumas delas?
MM – Algumas eu posso, outras não. Só posso falar o nome das que falam que eu sou o médico delas. Já cuidei um tempão da Ana Paulo Arósio, mas agora não cuido mais. A Suzy Rêgo, a modelo Letícia Birkheuer.
BM – Beleza é fundamental numa mulher?
MM – Eu acho, por exemplo, que a beleza é uma coisa feita de estética. Eu até falo isso no capítulo dez do livro, no capítulo “Espelho, espelho meu”, que fala que o amor é a imagem. Esses dez amores são os dez tipos de amores que eu acho importante trabalhar para conseguir ser feliz. Um deles é o amor ao poder, porque todo mundo tem um poder, então, eu vejo como se relacionar com esse poder. Os outros são amor à imagem, ao trabalho, a tua cidade, a teu país… Então, eu acho importante você desenvolver todos esses amores aí. E, quando eu falo de beleza, eu diferencio um pouco de estética. Eu acho que estética é uma coisa e a beleza é outra. Voltando ao livro, ele sai do amor e do ódio do bebê e passa por várias etapas: o segundo amor é um brinquedo que você elege, o terceiro já é na fase da adolescência, em que você idealiza e depois cai na realidade. Aí, entra num processo de culpa, de inveja e de agressividade. Passa por várias fases para chegar num último estágio desse desenvolvimento que é, na minha opinião, a gratidão. Eu acho que poucas pessoas chegam nesse estágio, a grande maioria pára na inveja, não progride muito mais do que isso não. Uma porcentagem da população que consegue se desenvolver chega na gratidão. Quando chega nessa fase é que você pode experimentar o amor mesmo. Essa é minha opinião como médico, vendo muita gente há anos, e como psicólogo. Então, a minha visão sobre o amor está bem aí no livro. Tem ainda muita coisa boa no mundo atual que a gente não pode desvalorizar. A gente não pode achar que tudo está muito ruim.
BM – O que você acha do homossexualismo?
MM – Cada um deve procurar viver do jeito que quer. O homossexual não é diferente do padre nem do monge em termos reprodutivos, quer dizer, eu penso como médico, uma pessoa que estudou muita biologia, qualquer população de mamíferos, de animais, vai ter parcela da população que não vai procriar. Essa população faz parte da população geral. A única diferença básica entre o homossexual e o heterossexual é procriar. Eu acho que isso faz parte de um equilíbrio até ecológico. Eu acho muito natural. Entre os animais acontece também isso aí.
BM – O que é a felicidade para você?
MM – Aprendi com as mulheres a viver o processo e aprendi com os homens a esperar o resultado. Eu gostei mais de aprender o processo.
BM – Você poderia me explicar isso?
MM – As mulheres me ensinaram que viver o processo é mais legal que esperar o resultado. A mulher, por exemplo, engravida e fica ali, no processo. Já o homem espera o resultado e torce para aparecer um menino que pareça com ele porque ele nunca sabe se é dele. Voltando à felicidade, ser feliz é estar batalhando, correndo atrás do seu sonho. Eu acho que eu sou feliz. Consegui quase tudo que eu queria fazer. É claro que eu também tive alguns insucessos, mas tive mais sucessos que insucessos em tudo o que eu fiz na vida, até por ser uma pessoa batalhadora.
BM – Você é paulistano?
MM – Sou paulistano da “gema” (risos). Meu pai é escocês e minha mãe é brasileira.
BM – Você aprendeu a entender a mulher com o atendimento no consultório?
MM – Eu tive uma avó, uma mãe e uma tia muito legais. Tive mulheres muito fortes e afetivas do meu lado desde pequeno. Sempre tive uma admiração muito forte pela mulher, desde criança. Eu ouvia muito as mulheres no consultório. Quando eu escrevi o livro “A mulher, o negro do mundo”, eu tinha vinte anos de formado. Por ter ouvido muitas pessoas, eu tive condições de escrever esse livro, entendeu? O médico, às vezes, fala muito mas não ouve nada. Eu sempre ouvi mais do que falei no consultório.