As precauções tomadas por Divina antes de embarcar no novo negócio estão entre as recomendações feitas por especialistas para evitar que o franqueado entre em “furadas”. Segundo Ricardo Camargo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Franchising – ABF, é preciso pesquisar bastante para tomar qualquer decisão. Além de se informar junto a outros franqueados, o empreendedor deve analisar como está a saúde financeira da rede franqueadora, quais foram os casos de fechamento de franquias nos últimos anos, e verificar se na proposta de franquia estão estipulados os treinamentos necessários para funcionários e administradores. A lista pode parecer grande, mas não é tão complicado quanto parece. Ao demonstrar interesse em abrir uma franquia e enviar sua proposta, a empresa tem de fornecer estas informações.
Se ela está buscando apenas um emprego, não vai dar certo. A pessoa tem de saber que passará a comandar um negócio
Uma forma de não cair em ciladas é analisar o produto ou serviço oferecido pela empresa. É importante que se escolha um negócio que interesse ao empreendedor, mas é também fundamental ter certeza de que ele poderá sobreviver no mercado a médio prazo. “Este estudo é essencial. Há uns quatro anos, as empresas de revelação de fotografia, por exemplo, sofreram um baque, por conta da disseminação da máquina digital. Um caminho sem volta. Quem não previu esta mudança e não diversificou sua área de atuação acabou fracassando”, exemplifica Ricardo.
De empregado a patrão
Mesmo com planejamento adequado e contando com as vantagens e a segurança que o sistema de franquia traz, o sucesso não é garantido. Ricardo Camargo lembra que há riscos como em qualquer negócio e o empreendedor tem de estar disposto a se dedicar constantemente. ” Se ela está buscando apenas um emprego, não vai dar certo. A pessoa tem de saber que passará a comandar um negócio. Alguns, depois de pagar a taxa de franquia e os royalties, acham que resolveram a questão e que a empresa franqueadora tem de trabalhar a partir dai. É justamente ao contrário. As empresas buscam sócios, pessoas que se dediquem à empresa, não um gerente”.
Segundo ele, existe no mercado uma série de chavões quanto ao perfil necessário do franqueado, como ter liderança e ser pró-ativo, mas ele acredita que, no fundo, é preciso ter vontade de trabalhar e consciência de que muitas vezes não será possível cumprir um horário tradicional de segunda a sexta. Ou seja, lembrar da velha máxima de que junto com as vantagens, surgem as obrigações. Se por um lado, não é preciso pensar em um novo produto, em uma nova marca, ou na maneira de gerir o negócio, o franqueado tem de respeitar a maneira como a empresa foi concebida e seguir à risca tudo o que foi previamente elaborado. “Não há liberdade pra criar campanhas publicitárias, adotar novos uniformes, mudar a marca ou a forma como o negócio funciona. Tudo deve ser discutido com a rede franqueadora. Quem tem o espirito muito libertário, às vezes não se adapta. É claro que ninguém vai dispensar boas idéias, as sugestões são sempre bem-vindas e podem ser aceitas pela rede franqueadora”, pondera Ricardo Camargo.
Segundo pesquisa da ABF, hoje no Brasil existem 1197 redes franqueadoras, um número 23% maior que há dois anos. Os resultados do setor são impulsionados pelo bom momento da economia, mas também pelas facilidades oferecidas pelo sistema de franquia. Os casos de fechamento de franquias são bem inferiores: 1% contra 25% no mercado em geral. Além disso, há linhas de financiamento bancárias específicas para este tipo de investimento, que oferecem taxas de juros menores. “Financiar parte do que será investido é sempre uma possibilidade. Recomendamos, porém, que se tenha 50% do necessário em capital próprio”, orienta Ricardo Camargo.





