Puxa, estica, alisa. Não adianta o estresse, são as nossas origens étnicas. Segundo pesquisa feita pela marca SEDA, 66% das mulheres brasileiras têm cabelos cacheados. Por mais bonitos e sedutores que sejam, a maioria da mulherada que têm, não está nem um pouco satisfeita com as madeixas encaracoladas que valorizam tanto o rosto.
Carolina Gomes, 25 anos, é uma louraça natural, de 1,83m de altura e um cabelo maravilhoso, daqueles que é liso em cima e vai encaracolando nas pontas. Parece uma boneca. Mas se acha mais bonita de cabelo liso. De preferência no estilo japonesa. Só não faz escova quando chega muito tarde em casa. Quando o evento é mais glamouroso o ritual é longo. “Se vou sair às dez, começo a me arrumar às seis. Porque fora a maquiagem, o processo de alisamento é muito demorado. Primeiro lavo e faço escova. Depois uma touca. Cerca de 20 minutos de cada lado. Aí vem mais uma sessão de chapinha. Isso a base de muito “hair spray”. É claro que ninguém pode entrar no banheiro nessa hora, pois morre asfixiado com o cheiro do laquê. Eu já estou viciada”.
“Todo mundo me prefere de cabelo enrolado, mas eu não gosto. Morei muito tempo nos EUA e como lá todo mundo tem cabelo liso, as pessoas enlouqueciam com o meu cabelo, mas mesmo assim sempre alisei.”, confessa Carol. Quando não tem tempo para alisar, enrola. ” Esse processo é bem mais fácil e rápido. É só secar amassando. Para isso uso muita mousse.” O gasto com produtos fica em torno de R$ 80,00 por mês, pois ela mesma faz a escova. Fora o “hair spray” e a mousse, ainda tem o shampoo com termo-ativador, pois usa muito secador e um spray que protege os fios do calor.
“Eu tenho cachos, mas prefiro tirá-los. Acho mil vezes mais bonito o meu cabelo liso. É claro que no meu dia-a-dia corrido, infelizmente não tenho tempo de ficar alisando, mas quando é festa, não tem jeito, aliso mesmo. Outro dia deixei de ir com uns amigos no ônibus para um casamento em São Paulo porque ainda não tinha feito minha escova. No dia seguinte fui ao salão e depois peguei um avião para Sampa.”, conta a webdesigner, Renata Barros, 22 anos.
“Tenho um cabelo indefinido, muito cheio, por isso faço touca umas três vezes por semana. As pessoas que já viram ele ao natural, o que é muito raro, gostam. Meu namorado morre de rir, mas eu não me sinto bem se não alisá-lo.”, diz Aline Leite, 19 anos, que coloca despertador no meio da madrugada para trocar a touca de lado.
Já a vendedora de loja, Gyselle Castro, 31 anos, é de fase. Tem épocas que prefere ele liso e outras quer ele enrolado. “Depende do meu interior. Estou tão bagunçada por dentro que quero arrumar por fora. Depende muito do meu humor.” Gyselle não faz escova, apenas seca com o secador e é suficiente para tirar as ondulaçôes. ” O meu namorado me adora ao natural e ele tem uma teoria para eu querer alisar o cabelo, ele diz: “você fica com cara de anjo e é por isso que não quer ficar com cachos.” E está certo.”, conclui Gyselle.
Uma coisa é certa, os cabelos cacheados e crespos são muito mais sensíveis. Por isso é extremamente necessário o cuidado com a hidratação e com a forma de pentear para não quebrá-lo. Mas a indústria está fornecendo para o mercado uma série de produtos para ajudar a deixar os cachos cada vez mais saudáveis e naturais. Ou alisantes bem mais suaves que os tradicionais henes
O outro lado da moeda
A capixaba, Corina Siano, 50 anos, tem um cabelo muito liso. Quando pequena, todas as presilhas escorriam, nada se prendia. “Meu sonho é ter o cabelo cacheado. Mas daqueles bem bonitos, tipo da Giovanna Antonelli, Ana Paula Arósio. Lavo, seco, enrolo, coloco grampinhos. Faço de tudo, mas não tem jeito.”
A carioca Marisa Alves, 27 anos, também sempre teve o cabelo escorrido, muito liso e fino. Depois de adulta o cabelo começou a enrolar e estava maravilhoso, com bastante volume, “parecia o da Julia Roberts. Estava muito feliz com o meu cabelo.”, declara. Mas sofreu um acidente de carro. No hospital uma enfermeira foi lavar seus ferimentos e aproveitou para ” dar uma geral” no cabelo que estava cheio de sangue. Acontece que ela usou um detergente hospitalar. “Saí do hospital parecendo a Marge, mãe do Bart Simpson. Quando minha mãe foi me pentear, encheu uma lixeira de cabelo.” Conclusão: hoje Marisa tem pouquíssimo cabelo. Tem cachos, mas minguados, sem volume.
Definitivamente isso é coisa de mulher. Ninguém está satisfeita com o que tem. Nossas amigas sempre têm cabelos mais bonitos que os nossos. E nós adoramos arrumar sarna para coçar. Ou desculpa para ficar mais tempo no salão. E é totalmente normal que aconteça essa polêmica. Cacheados ou lisos, o importante é estarmos felizes conosco. Então, “relaxe e enrole” .