Mãe Luzia

Descendente da tribo Bantu, Francisca Luzia da Silva nasceu escrava, na cidade de Macapá, capital do Amapá, em 1854. Com a mãe, aprendeu a “pegar as crianças”, o que significava, fazer partos, e por esta arte, era uma mulher muito querida na região amazônica.

Por atuar de maneira incansável na comunidade, foi contratada oficialmente pela prefeitura e recebia uma quantia módica pelos seus serviços. Como assistia a maioria dos partos da cidade, foi reconhecida pela população como mãe Luzia. Para complementar o serviço de parteira, lavava e passava a roupa da gente rica.

Sua casa de barro socado, no Beco do Formigueiro, era visitada por autoridades estaduais, que a procuravam para ouvir histórias da região. Ela recebia os visitantes nos costumes dos seus ancestrais, com os seios expostos e saias rodadas, impecavelmente brancas. Sua imagem era tão forte, que inspirou diversos artistas, que em verso e prosa, cantaram a sua coragem e dedicação. Seu marido, aproveitando esta influência, candidatou-se a vereador e foi o primeiro negro eleito na região.

Seu nome foi dado a maternidade de Macapá, como também à Rede de Parteiras Tradicionais do Amapá. Nesta região, ainda hoje as parteiras são as principais responsáveis pelos nascimentos. Mãe Luzia formou muitas delas, principalmente a Vó Juliana, que hoje, com 96 anos é a sua sucessora.

Mãe Luzia morreu com 100 anos, no dia 24 de setembro de 1954. Seu velório foi um acontecimento, pois ali estavam o povo e os importantes, homenageando aquela mulher que deu a luz a uma cultura e a uma cidade.