Relacionamento sempre exige demais das pessoas. E sexo então… uma entrega sem limites, sofriida, doloriiiida. Por esses vários poréns que muita gente não consegue se satisfazer plenamente na cama. Até porque amar e ser amado muitas vezes é uma prova de fogo (e como!). No entanto, com alguns truques, os terríveis atritos da relação podem ser minimizados. Acha difícil? Não é não, basta usar o lubrificante certo. Chorar, realmente, só se for de tristeza!
Não adianta: não convidem imaginação e limites para se deitarem juntos na mesma cama. Definitivamente, eles não tem nada a ver um com o outro. Quem já sabe disso, acaba tendo mais chances de acabar a empreitada sexual satisfeita e quase sempre com uma novidade pro repertório. Porque não existe nada mais sem limites do que uma imaginação a serviço do sexo. Prova material disso são os lubrificantes de ocasião. “Se aparece a necessidade, comigo vai o que tem em cima da pia do banheiro. Já usei creme pra rugas, pra assaduras, pra pele ressecada e óleos diversos, menos os de cozinha ou de passar na madeira”, conta a arquiteta Carina Vaz Lobo.
Alguns acreditam piamente que sexo bom é aquele que conta com o elemento surpresa. Ainda mais quando a supresa e o elemento são para o outro. “Meu namorado não pode tomar banho comigo que já vê o prosaico sabonete com outros olhos. Mas o pior é a falta de controle da situação, quando dou por mim, epa, já era. Procuro não deixar ele ensaboar minhas costas. Seguro morreu de velho”, comenta a programadora visual Alexandra Ambrósio. Na falta de algo melhor e sem contar com a lubrificação natural, o advogado Fernando Mello gasta mesmo é saliva na tentativa de consumar o ato. “O meu lubrificante de plantão é a saliva mesmo. Sei que para trás não funciona muito, mas, se a mulher tiver boa vontade, com jeitinho vai”, diz ele.
Da mesma forma que os dublês, não faltam lubrificantes de verdade para todos os gostos, necessidades e exigências – até para quem não tem tempo a perder com o aperitivo. O gel Orale Licor de Bombons e o Gel Orale Licor de Frutas estão aí para isso. No campo das fantasias, o Cléopatra Gel inspirado nos aromas afrodisíacos do antigo Egito proporciona lubrificação e – quem sabe? – algo mais, já que é batizado com o nome de quem entendia do riscado nos velhos tempos. O lubrificante Plaisir oferece textura e composições idênticas às secreções da vagina, completando a fórmula com bactericida e germicida. Umedecer, hidratar e… apertar (!), é o que promete o gel Magic, um redutor momentâneo do canal vaginal, que promete eficiência até no pós-parto.
No entanto, mais do que brincadeira, o lubrificante é de fato uma necessidade em alguns casos. O sexólogo Hélio Felippe explica que seu uso é necessário para a mulher que tem pouca lubrificação vaginal, ocasionada por vários motivos, e imprescindível para quem gosta do sucesso do lado B. “O atrito causado pela penetração pode gerar lesões que infeccionam, o lubrificante ajuda a preservar essas partes. No caso do sexo anal, então, é fundamental. Primeiro, porque o ânus não tem lubrificação natural. Segundo, é uma região supervascularizada e qualquer atrito pode fazer com que um vaso se rompa”, revela o sexólogo. Mas levando em consideração que sexo sem camisinha não rola, outro cuidado deve ser tomado: a delicada relação entre lubrificante e preservativo. “Lubrificantes que não sejam à base de água podem danificar e romper o látex do preservativo, que obviamente perde a função protetora”, informa Hélio Felippe. Portanto, todo cuidado com a velha vaselina é pouco, pois esse lubrificante da época da vovó é à base de petróleo, que pode ser corrosivo para a borracha.
Para ninguém correr esse perigo, o bom KY, à base de água, está à disposição no mercado nas versões gel e líquida. Já o Vibro Clean, também à base de água, é um lubrificante desenvolvido especialmente para a utilização com vibradores, acessórios de PVC e látex. Aliando praticidade e prazer, também à base de água, tem o ultraviscoso Spray Anallube.
No entanto, algumas pessoas são adeptas da teoria do “gemer sem sentir dor”. A produtora editorial Juliana Calmon é uma delas. Querendo satisfazer o namorado, sem se violentar, não economizou na alquimia. “Ele adorava fazer sexo anal e eu acho muito ruim, sempre evitava. Mas um dia, para agradá-lo e não sentir dor, misturei KY com xilocaína e passei lá para anestesiar. A sensação era a de que eu estava fazendo uma endoscopia anal, não sentia nada”, diz ela. A mistura poderia ter um resultado bombástico, segundo a dermatologista Joana D’Arc Diniz. Ela explica que deve-se evitar o uso excessivo de xilocaína, que é um anestésico, em regiões de mucosa. “A absorção nessas áreas é muito maior pela falta da epiderme, podendo gerar reações adversas no organismo”, afirma a médica.
Com essa finalidade e com menos intensidade no quesito sensibilidade, existem opções já prontas que, segundo Joana D’Arc, também devem ser usadas com parcimônia, exatamente pelo mesmo motivo. O Apollo Creme, por exemplo, possui ação levemente anestésica, diminuindo a sensação de desconforto que o sexo anal pode causar. O Efficiency Anal Easy Gel é um lubrificante-gel mentolado, também próprio para o sexo anal. Mas atenção: dependendo da sensibilidade de cada um, esses produtos, como quaisquer outros, podem ocasionar alergia. Nesse caso, a dermatologista Joana D’Arc aconselha a lavar a região com bastante água. “Muitas vezes, apenas a retirada de produto já melhora a sensação de ardência ou coceira. Mas se os sintomas persistirem ou houver inchaço imediato na área, deve-se procurar assistência médica. Nunca usar, por conta própria, nenhuma espécie de medicamento no local pois isso pode agravar o quadro”, orienta a dermatologista.
Seguindo certinho as instruções de uso, o lubrificante, com certeza, pode ajudar muitos casais a se encaixarem. Atrito, lágrimas e insatisfação é só pra quem ficar na seca.