Marketing pessoal, que raios será isso? Fazer propaganda de si mesmo; enaltecer seus bons predicados e escamotear os nem tanto; parecer ser mais gente boa do que é de fato; ter sempre algum pitaco para dar sobre a alta do petróleo; tecer um comentário, cheio de propriedade, sobre o último livro do Chico Buarque… Será que é assim que se faz? Bom, claro que conhecimento e versatilidade são atributos indispensáveis para qualquer profissional, mas um bom marketing pessoal precisa mais do que isso. Precisa estar ancorado numa boa estratégia de divulgação do produto – no caso, você.
Fazer marketing pessoal não significa ficar exposta em gôndolas, outdoors, disparar spams a seu respeito e, muito menos, aparecer de dez em dez minutos na frente do chefe. Apesar de seguir a mesma filosofia do marketing tradicional – com conjunto de conceitos, técnicas e práticas utilizados para ajudar no sucesso de um produto – seu foco é na pessoa física. Ou seja, no que o profissional tem a oferecer para o mercado de trabalho. Sendo assim, um bom conteúdo aliado a uma boa estratégia fazem toda a diferença. “Marketing pessoal é para quem quer ser bem-sucedido, não ser mais um numa época em que o mercado de trabalho é perverso. Para isso, ter objetivos e metas é fundamental”, diz a consultora de marketing pessoal Lúcia De Biase Bidart, acrescentando que os objetivos devem estar delineados desde o término da faculdade, quando a carreira se inicia.
No entanto, a questão é: como fazer marketing da sua própria pessoa? A regra número um é jogar a timidez fora na primeira lixeira que encontrar. “Estamos num péssimo momento para os tímidos. Hoje, o mundo exige exposição das pessoas e a timidez atrapalha demais um profissional. Saber se promover é a chave de tudo”, revela Lúcia Bidart. Uma boa peça publicitária, então, pode ser o currículo. Que o diga a publicitária Viviane Ferreira. “Fiz um curso de humor na literatura e o dever de casa era fazer um currículo diferente. Preparei um totalmente fora dos padrões, mesclando informações profissionais, como meus trabalhos anteriores, formação acadêmica, com pessoais, signo, preferências, defeitos. Em todas as empresas, em que fui entrevistada, fiquei conhecida como a garota do currículo”, diz Viviane.
Só que mais do que uma apresentação interessante, um currículo deve ter conteúdo de qualidade. José Carlos Figueiredo, consultor do Grupo Catho, diz que o melhor marketing pessoal é investir em si mesmo. Isso quer dizer, buscar aprimoramento o tempo todo. “Fazer cursos que não valem de nada, só para botar no currículo, não adianta. O profissional deve investir em cursos e especializações sérias, participar de palestras e fazer com que seus trabalhos sejam reconhecidos. O foco deve ser gerar conhecimentos e contatos importantes”, revela ele. E não confunda contatos importantes com ir à feiras e eventos só para distribuir cartões. “Se o trabalho desempenhado pelo profissional não for de fato de valor, ninguém vai saber quem ele é. Jogamos toneladas de cartões fora de gente que só vai a eventos para fazer vitrine”, diz José Carlos. Outra característica, para que o marketing pessoal flua naturalmente, é ser autêntico. “Criar artifícios não leva a nada. O marketing pessoal se faz com uma formação sólida, postura e atitude condizente com o que se propõe”, comenta José Carlos.
Mas onde fica a modéstia nessa história? “A modéstia como sinônimo de humildade é indispensável. Porque ela é construtiva, faz você enxergar que existem pontos que sempre podem ser melhorados. Já a falsa modéstia, atrapalha. Ela faz com que o profissional se esconda ou não queira aparecer de propósito, fugindo das oportunidades”, diz Lúcia Bidart. José Carlos Figueiredo sintetiza o princípio do marketing pessoal: “Você tem que aprender a ser para ter”. Ser capacitado, ser prestativo, ser interessado e ser profissional. Prestígio se conquista, não se compra.