Virando o jogo

Em todo relacionamento tem sempre uma parte que está por cima da carne seca, dá as cartas, dita as regras… A outra, bom, pra esta só resta ficar ali, concordando e se submetendo aos joguinhos e situações que o lado mais forte impõe ou simplesmente apresenta. Se identificou com qual time? Seja lá qual for o seu, você também já deve ter percebido uma outra circunstância não muito rara: a virada de jogo. É, amigas, chega uma hora em que o placar muda e o mando de campo inverte.

Não é difícil presenciar relações marcadas por desigualdades amorosas. Ou seja, em que um lado ama mais, cede mais, sofre mais, tudo mais do que outro. A administradora de empresas Catarina Amarante sabe bem o que isso significa. No começo do seu namoro, a paixão era totalmente paga por ela. “Ele era comprometido e eu, muito apaixonada por ele. Passei por poucas e boas até conseguir ficar com o Fábio só pra mim. Tive que sofrer, ceder, amar, amar e, acima de tudo, entender sempre todos os motivos que o levavam a me magoar”, lembra ela. Dez a zero pra ele. E a virada? “Quando ficamos juntos de verdade, tudo mudou. A insegurança trocou de mãos. Hoje, é ele que vive me questionando, se sentindo ameaçado por todos os homens que me cercam. E olha que eu não faço nada, continuo gostando dele da mesma maneira”, diz Catarina.

Ganhar o coração do amado de virada muitas vezes não requer só uma boa estratégia ou bom condicionamento cardiorrespiratório. A estudante Ana Carolina Ribeiro conta que já estava jogando a toalha quando seu namorado entregou o jogo de bandeja. “Ele aprontava muito, saía pra noite, mentia, isso desgastava a nossa relação. Eu era a histérica, ciumenta, possessiva. Não agüentava mais viver dessa maneira”, diz. Como ficou o resultado então? “Quando me cansei e achei que o melhor a fazer era terminar o namoro, ele virou um santo, o homem mais apaixonado do mundo. Mudou da água pro vinho”, afirma Ana.

Pois é, em alguns casos, um placar quando se torna desvantajoso acaba levando à desclassificação. O engenheiro Carlos Montenegro foi um que saiu de campo arrasado com a derrota amorosa, reconhecendo que só marcou gol contra. “Eu sei que não fui legal com minha ex-namorada: saí com outras e sempre a deixava em segundo plano, achava que ela estava a meu dispor. Até que ela deu um basta e me largou”, lembra o engenheiro, que recorreu ao juiz, aos cartolas, mas… nada! “Nessa hora, percebi que a amava de verdade, que não queria ficar sem, que sentia falta. Mas não adiantou. Ela ficou irredutível, disse que estava cheia da situação e que queria experimentar coisas novas”, lamenta Carlos.

Depois de cometer tantas faltas, a expulsão de campo, de certa forma, se torna inevitável. Diante da ameaça, a estratégia de muita gente passa a ser a entrega do jogo. “É batata, bastou você mudar de postura, deixar de ser palhaça que o cara fica pianinho. Já aconteceu comigo e com várias amigas minhas. Parece que homem gosta de se sentir ameaçado”, acredita a economista Silvia Lemos. No entanto, o time feminino, de vez em quando, também tem lá suas entradas duras – que rendem, pelo menos, um cartão amarelo. “Eu andei vacilando com meu namorado. Chutei o balde, estava em dúvida, insatisfeita, e acabei fazendo um monte de besteira. Só que na hora que vi que ele não era bobo, que não ia me aturar, parei tudo. Pedi desculpas, tentei reconquistá-lo. Hoje, não posso nem imaginar ficar sem ele. Por um lado foi bom, vi que gosto dele de verdade”, assume a dentista Sara Kronig.

Bom, por mais complexo que seja esse jogo do amor, a psicóloga Vera Soumar resenha pra gente e mostra o porquê da virada. “Quando a parte que mais se dava na relação muda de atitude, a outra fica com medo da perda e acaba fazendo de tudo para reconquistar. Agora, a pessoa tem que analisar se isso acontece porque ama de verdade ou se é apenas um capricho, a simples vontade de não querer perder”, revela a psicóloga, comentando que, se você apostou no segundo resultado, provavelmente tudo voltará ao que era antes. Portanto, meninas, raça! Só assim o placar pode ser favorável – para o casal, claro!