Acho que vou desmaiar…

Há uns três meses fui convidada pra ser palestrante num evento sobre publicidade, novas mídias e tendências em Estocolmo, Suécia. Até aí tudo bem. Passava meus finais de semana fazendo pesquisas, coletando dados, preparando a apresentação, que são coisas que eu adoro.

Um dia antes do evento voei pra Estocolmo, peguei um táxi do aeroporto até o hotel e passei o trajeto todo conversando com o taxista, que era muito simpático. O hotel era bem localizado e meu quarto tinha grandes janelas, com vistas para uma rua de comércio e um mercado de rua – tenho que confessar que adoro mercados de rua. Sendo assim, estava bem instalada e passei o dia anterior ao evento treinando o que eu ia dizer.

Repeti minha palestra, que era em inglês, umas seis vezes, olhando pra parede. Tentei treinar olhando no espelho, mas não deu certo, pois, virava e mexia, eu parava pra ajeitar o cabelo e ver qual era o melhor ângulo do meu rosto. Pelo menos olhando pra parede eu me concentrava na coisa certa, a minha palestra.

Lá, conheci os outros três palestrantes, todos homens, e o organizador do evento. Menciono que todos eram homens, pois assim eu fui recebida com 100% de atenção de todos eles. Quem não gosta, né?

Dormi meio mal naquela noite, pensando na tal apresentação (deitada na cama, eu repeti o que ia dizer, pelo menos, umas quatro vezes), e morrendo de medo de algo dar errado. E se eu desmaiasse no meio do palco, ou se eu passasse mal e vomitasse ali, na frente de todo mundo? Não ajudou muito o fato de, na semana anterior, ter visto no You Tube um vídeo de um cara que estava sendo entrevistado na TV e, de repente, o nervoso tomou conta dele e o rapaz vomitou na mesa da apresentadora. Taí coisa que eu não queria que acontecesse comigo.

Acordei às 6 da manhã, pois tínhamos que nos encontrar no lobby do hotel às 6:45. Saí da cama, fui em direção ao banheiro, mas no meio do caminho senti uma tonteira, vi tudo preto e tive a sensação que ia desmaiar. Ali mesmo, no meio do corredor, deitei no chão, respirei fundo umas 20 vezes até conseguir levantar novamente. Ai, meleca… pensei.

Mas foi só uma sensação passageira de nervoso e depois do banho eu já estava me sentindo melhor. Me arrumei e fui pro lobby. Lá, conheci os outros três palestrantes, todos homens, e o organizador do evento. Menciono que todos eram homens, pois assim eu fui recebida com 100% de atenção de todos eles. Quem não gosta, né?

O evento começou e, a cada palestra que passava, a minha chegava mais perto e o meu coração ia subindo, do lugar normal onde ele geralmente fica até a boca. Me deu um pouco de conforto o fato de um outro palestrante, vice-presidente de uma agência de publicidade enorme, também estar nervoso pra caramba. Mas não ajudou em nada o fato de os palestrantes que vinham antes de mim parecerem supertranquilos no palco. Isso só me deixou mais nervosa.

Chegou a hora, a apresentadora chamou meu nome, e lá fui eu pro palco. Vou contar pra vocês o que me ajudou a acalmar, enquanto eu estava falando pras 200 pessoas do evento:

1) Pensar que todas as 200 pessoas estavam peladas. Pode parecer bobinho, mas ajuda. Pois assim, dá uma vontadezinha de rir e isso descontrai. Mas não vale achar um gato na platéia, imaginá-lo nu e se desconcentrar. Também não vale pensar que você está nua porque aí só piora as coisas;

2) Se movimentar no palco. Eu passei a palestra inteira, andando de lá pra cá e movimentando os braços. Ficar ali escondidinha atrás da bancada não ajuda em nada. Pode parecer seguro, mas só aumenta o nervoso;

3) Lembrar que todo mundo, todo mundo mesmo, fica nervoso quando tem que fazer um discurso público. O segredo é que só você sente e sabe que está nervosa – se você não mencionar, ninguém vai saber. Então, use isso de duas formas: guarde pra você, se quiser parecer poderosa no palco. Ou então, realmente mencione que está nervosa e ganhe a simpatia da platéia. Fica ao seu gosto.

4) E, claro, como diz uma amiga minha que adora fazer palestras, força na peruca e boa sorte!