Objetos de desejo

Que atire o primeiro palmtop a mulher que nunca ficou seduzida por um apetrecho eletrônico. A tecnologia veio para facilitar a nossa vida, mas a combinação de funcionalidade com design arrojado e exclusividade tem feito muitas pessoas consumirem com mais freqüência produtos desse tipo. Celulares, computadores de mão, tocadores de MP3 ou qualquer outro dispositivo eletrônico é objeto de desejo (e de possíveis loucuras) de muita gente e o mercado tem caprichado nos assessórios e formatos para conquistar o público feminino. E elas não fazem por menos! Além de dar um toque especial aos seus aparelhinhos, ainda dão apelidos fofos a eles.

Veja alguns gadgets no slideshow.

Bichinho, neném, pequenininho, meu filho… Opa! Sem exageros. Essa não é uma matéria sobre crianças e maternidade. Mas não dá para negar: muitas mulheres tratam seu celular, iPod, mp3, ou outra coisinha pequena e eletrônica como um bebê. Com certeza, você conhece, pelo menos, uma assim. Normal. Resultado do excesso de carinho e zelo que as mulheres costumam ter com os seus gadgets. Não sabe o que é? Sabe sim. No mínimo, você não está é ligando o nome à pessoa. Quer dizer, ao aparelho.

Quero saber o mais rápido possível como funciona o aparelho para poder usá-lo e configurá-lo da minha maneira. Nada de mexer por conta própria. Isso demora mais

Na Wikipédia (http://pt.wikipedia.org), enciclopédia livre e gratuita encontrada na Internet, encontramos a seguinte definição para o termo gadget: “gíria tecnológica que se refere a, genericamente, um equipamento que tem um propósito e uma função específica, prática e útil no cotidiano. São comumente chamado de gadgets, dispositivos eletrônicos portáteis como PDAs, celulares, smartphones, tocadores de mp3, entre outros”. E bota entre outros nisso! A cada momento, uma nova moda é inventada, o que leva ao desespero e ao mesmo tempo ao delírio mulheres e homens que gostam muito desses aparelhos. Afinal, as preferências podem até ser diferentes. No entanto, os preços, em geral, costumam ser bem apimentados. Ainda mais quando se trata de lançamentos.

De acordo com o designer de interação, Daniel Gotilla, mulheres costumam procurar simplicidade, portabilidade e bom custo-benefício. Já os homens são mais ligados às funcionalidades, encarando seus gadgets como brinquedos mais caros. E ele bem sabe como é isso. “Eu adoro ver como os designers conseguem dar uma boa usabilidade para um aparelho, apesar de tantas funções”. Segundo Daniel, nesse ponto, as mulheres são mais pés no chão e querem algo que tenha um propósito definido. Nada de gadgets ‘canivete suíço’. “Tem que ser simples de usar, ter um charminho e não ocupar muito espaço na bolsa”, afirma. E em relação a charminho leia-se: cores diferentes, um pingente, adesivo ou qualquer outro toque mais feminino.

Viciado nessas “modernidades”, ele é o tipo de cara que lê com freqüência dois blogs especializados (http://engadget.com e http://gizmodo.com) e assina podcast da CNet. Além disso, não deixa de fazer uma compra substancial por ano, levando em consideração seu limite financeiro. Sem extrapolar ou fazer loucuras. “Digamos que meu orçamento não acompanha meu desejo por gadgets“, conta. Sua última aquisição? Um iPhone, cheio de funções, mas sem nenhuma capinha ou detalhe extra. Isso, afirma, é coisa para a mulherada.

Toque feminino

“O meu iPod agora é rosa!”, é a primeira coisa que a fisioterapeuta Aline Antunes fala sobre o assunto, mostrando toda orgulhosa como ele havia ficado bonitinho com o novo visual. Sem esquecer dos fones e do carregador para tomada de parede que comprou e das caixas de som que ainda vai comprar. “Os acessórios são importantíssimos! É uma questão de identidade. Quando alguém vir o aparelho em cima da mesa, por exemplo, vai saber que é meu”, explica. Totalmente fascinada por gadgets, ela não consegue entrar numa loja de eletrônicos sem pedir para ver, mexer e testar alguma novidade no mercado. “Questão de curiosidade, na maioria das vezes passa. O problema é quando não passa. Aí o problema fica sério e eu já começo a juntar dinheiro”.

E manual? Já viu mulher gostar desses caderninhos cheios de regras e explicações? Ela, acredite se quiser, devora! “Quero saber o mais rápido possível como funciona o aparelho para poder usá-lo e configurá-lo da minha maneira. Nada de mexer por conta própria. Isso demora mais”, diz. Sendo assim, ela se tornou a “leitora oficial” dos manuais de sua casa e às vezes até dos amigos. “Eu só fico braba quando alguém pede ajuda para um homem comigo perto. Eu não sei, não é? Me sinto menosprezada”, afirma a fisioterapeuta que morre de ciúme dos seus bichinhos. No momento, são dois dos quais ela não desgruda: o celular (atualmente, o Nokia 6101), que é trocado, pelo menos, uma vez por ano (o prazo é até se cansar) e o iPod Vídeo – o novo xodó da moça. Ah sim, rosa!

Ciúme de você

E não é só a Aline que tem ciúme, não. A administradora Suzana Araújo, por exemplo, não empresta seus gadgets para qualquer um. “Quando empresto, fico parecendo uma mãe olhando uma criança. Vigiando o que a pessoa está fazendo. Sou mega ciumenta”, admite. Ela também é outra mulher vidrada em tecnologia, que não larga seus bebês por aí e está sempre questionando quem sabe mais do que ela. “Volta e meia eu estou numa roda só com homens conversando sobre o assunto. Minhas amigas não são ligadas nessas coisas”, comenta.

Sempre em busca das novidades do mercado, Suzana diz que não faz questão de ter o aparelho mais recente. O olho cresce pelo que é novo. Fato. No entanto, ela diz que, atualmente, está sabendo se controlar e não gastar além da conta. Está satisfeita com o celular Nokia 6265, a câmera semiprofissional H9 digital e o laptop HP Pavilion DV6000. O que não a impede de, um dia, comprar um Palm para se organizar. Handheld Computer, não uma agenda de papel. Só que até lá tem muita pesquisa para ser feita. E lógico: dinheiro a ser economizado.

De acordo com Beatriz Kunze, especialista em periodontia e responsável pelos blogs Garota Sem Fio e Profissionais Móveis, o interesse por gadgets faz parte do avanço das mulheres no mercado de trabalho, em especial, das que ocupam posições de liderança. “É preciso se inteirar do que a tecnologia trouxe de melhor para conciliar vida profissional e pessoal, ainda mais as que vivem a chamada ‘jornada dupla”, afirma. No entanto, fazendo uma comparação entre os sexos, ela ainda observa uma maioria esmagadora de homens participando em seus blogs.

Beatriz ainda destaca que as mulheres preferem ferramentas de socialização: celular para falar e câmera digital para registrar eventos com família e amigos. E que, realmente, não adianta ser útil se for feio. Agora, os homens também não ficam para trás nesse ponto segundo ela: “Eles buscam cada vez mais aparelhos estilosos, e não só úteis ou poderosos. Uma combinação que faz o mercado e os fabricantes suarem a camisa”. Ainda bem – tanto homens quanto mulheres saem ganhando.