Circular de cordão umbilical

Um achado muito comum durante os exames de ultrassonografia ou durante o parto é a presença do cordão umbilical enlaçado no pescoço do feto ou recém-nascido. A circular de cordão é motivo de muitas dúvidas e medo entre as gestantes, que por motivo de insegurança ou falta de informações acabam superestimando este achado.

Normalmente, o cordão umbilical fica repousado na parede anterior do útero, portanto muitas vezes ele pode circular o pescoço do feto ou mesmo os seus membros. O que devemos saber é que este processo de formação de circulares é algo dinâmico, ou seja, a presença do cordão circulando alguma parte fetal numa ultrassonografia não é garantia que em um próximo exame este achado esteja presente.

Quando ocorre?

A presença de circulares cervicais de cordão (ao redor do pescoço) varia de acordo com a idade gestacional, sendo muito mais comumente encontrado em gestações mais avançadas, principalmente naquelas com mais de 32 semanas de evolução.

Em um trabalho foi demonstrado que a presença de circulares cervicais ocorre em cerca de 6% das gestações com idade gestacional entre 18 e 20 semanas. Quando foram avaliadas as gestações entre 36 e 38 semanas de evolução estas circulares foram encontradas em 26,5% das gestações.

Neste mesmo trabalho, foram avaliadas as chances da permanência desses achados nas pacientes que tiveram a presença de circulares de cordão quando estavam presentes entre 18 e 20 semanas, as chances deles permanecerem eram muito pequenas, apenas 8,3% eram encontrados novamente entre 30 e 32 semanas. Portanto, quando a circular era encontrada mais tardiamente, a chance dela continuar presente em exames posteriores ou mesmo no momento do parto eram bem maiores.

Diagnóstico errado

Outro estudo, ainda, demonstrou que em quase 20% dos casos de diagnóstico ultrassonográfico de circulares de cordão horas antes do parto são equivocados, ou seja, o exame mostrou a presença da circular, que durante o parto não era encontrada.

Em geral, a prevalência de circulares de cordão no momento do parto varia em torno de 20 a 34% com uma volta em torno do pescoço; 2,5 a 5% com duas voltas; e 0,2 a 0,5% com três voltas.

Portanto, estes achados não possuem significado clínico expressivo. A principal alteração que poderia ser pensada seria a irregularidade na frequência cardíaca fetal, que poderia ocorrer caso houvesse algum grau de compressão do cordão umbilical, porém isto pode ocorrer em diversas alterações que podem não ter relação alguma com presença do cordão enrolado no pescoço do feto.

Atualmente, está mais do que provado, em diversos estudos, que a presença de circular de cordão não está associada à piora do prognóstico do recém-nascido. Desta forma, não há a necessidade de intervenções radicais por parte dos obstetras nestes casos. Muitas gestantes pensam que por este motivo seria necessária a realização de uma cesariana, contudo os estudos demonstram que isto é desnecessário.

A gestação é um período em que a mulher está vivendo grande transformação em sua vida, na qual é muito comum que existam dúvidas e medos sobre diversos assuntos. Assim sendo, o papel do médico torna-se muito importante para esclarecer todas as questões de forma muito esmiuçada.

A presença de circulares de cordão umbilical é um desses assuntos que muitas gestantes compreendem pouco e causam mais ansiedade, porém já está bem evidenciado que não trazem maiores prejuízos ao recém-nascido, inclusive, atualmente muitos autores não aconselham a pesquisa da presença de circulares de cordão durante o exame ultrassonográfico de rotina, já que isto não irá modificar a conduta obstétrica.