Quando os pais querem fazer com que a criança não repita comportamentos inadequados, o castigo surge como a opção mais fácil – até porque fomos criados achando que isso é normal.
Mas basta lembrar o que sentíamos quando ficávamos de castigo para perceber que essa prática servia apenas para nos deixar ainda mais desorientados. Além de não evitar que a criança volte a aprontar, não resolve a origem do problema.
Castigo: por que não funciona?
De acordo com o pediatra Reginaldo Freire, o castigo é uma maneira de usar o medo para evitar que a criança repita determinadas atitudes. Mas isso só funciona quando elas estão na sua frente, o que passa uma falsa sensação de eficácia.
O médico explica ainda que, em decorrência do medo que as crianças começam a sentir dos pais, o castigo passa a ideia de que seu filho não poderá contar com você em situações difíceis, gerando afastamento e desconexão que podem cobrar o preço no futuro.
A psicopedagoga Elizabeth Monteiro acrescenta que o castigo é ainda mais ineficaz quando não tem relação com o erro da criança: quando ela apronta na escola e fica proibida de ver televisão, por exemplo. Nestes casos, segundo ela, a medida só serve para aliviar a raiva dos pais.

Alternativas ao castigo
A disciplina positiva exige muita paciência, diálogo e carinho por parte dos pais. Muitas vezes, não é fácil conter os gritos ou mesmo evitar colocá-las de castigo. Mas existem alternativas menos drásticas e mais eficientes a longo prazo.
1. Reconhecer o sentimento da criança
Antes de brigar com seu filho, converse com ele e tente nomear o que ele está sentindo, descobrir a emoção que o levou a cometer aquele erro. Mostrar empatia é uma boa forma de conscientizar uma criança para algo.

“À vezes, o mau comportamento deriva de uma reação a uma situação que ela está sentindo, uma emoção. Quando a gente informa a ela o que ela está sentindo, ela se sente acolhida e dá uma relaxada”, explicou o pediatra Daniel Becker no Youtube.
2. Respirar fundo
As crianças têm o poder de nos fazer voltar à infância – no bom e no mau sentido. Muitas vezes, os pais ficam tão alterados com elas que acabam agindo de forma infantil e inconsciente. É quando o castigo surge como solução aparente.
O educador parental Thiago Queiroz, do canal “Paizinho, Vírgula!”, aconselha respirar fundo e afastar-se do seu filho quando ficar muito irritado com o que ele fez. Em vez de mandá-lo para o quarto, vá você mesmo para o quarto. Como se fosse um autocastigo. Muitas vezes, é tudo o que a gente precisa.
3. Agir com indiferença por um tempo
Assim como é importante nomear para a criança o que ela está sentindo, o mesmo vale para os pais. Comunicar que você está chateado com seu filho e que vai ficar sem falar com ele por um tempo é uma boa maneira de sensibilizá-lo e serve como um bom substituto para o famoso “cantinho do pensamento”.

4. Cantinho da calma
O pediatra Daniel Becker é contrário ao cantinho do pensamento: “Associar pensar com um castigo é extremamente perigoso. A criança Vai achar que pensar é uma coisa ruim e vai evitar pensar”.
Mas, ao falar para o seu filho que você tem seu próprio cantinho para se acalmar, pode incentivá-lo a fazer o mesmo espontaneamente. Funcionou com a filha mais velha da youtuber Orjana Oliveira.
5. Limitar escolhas
Em vez de apenas dizer com ênfase que seu filho não pode comer doce e ponto final, ofereça alternativas: antes do doce, pode comer uma fruta ou tomar um suco, por exemplo. Limitar as escolhas da criança de antemão é uma maneira de driblar o estresse e evitar situações que te façam pensar em colocá-la de castigo.