Vira e mexe você, querido leitor, se depara com matérias feitas com base em Estudos Científicos. Alguns dizem que é melhor estar só do que mal acompanhada. Outros comprovam que fome dá mesmo mau humor. Tem os que dizem que todo mundo precisa dormir depois do almoço. E aqueles que garantem que as mulheres SEMPRE sabem identificar tendência à traição.
Mas, afinal, o que são esses tais Estudos? Quem é que faz as pesquisas? Como nós, a equipe do vix.com, sabemos identificar quando um Estudo é verdadeiro ou mentiroso? Entenda melhor abaixo.
O que são os Estudos Científicos
Estudos Científicos são pesquisas realizadas para comprovar ou refutar uma hipótese, desenhada a partir de alguma questão, geralmente um problema.
Qualquer pessoa pode submeter um artigo. Mas nem todos conseguem (entenda melhor em “quem está por trás dos Estudos”).
Constituído por várias (muitas, mesmo) fases, eles começam por uma dúvida, que pode contrariar ou não um conhecimento já estabelecido.
“Quando isso acontece, mais testes precisam ser feitos. E tudo precisa ser muito bem explicado pelo cientista”, explica a professora e diretora da Academia Brasileira de Ciências e Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Marcia Barbosa.
Diversos testes, observações e análises são realizados. Mas “a ciência está sempre reavaliando, testando em cenários diferentes, buscando novas evidências. Teóricos testam o tempo todo um experimento já realizado por outra pessoa”, aponta ela.
Alguns Estudos chegam a durar anos, até décadas. Não existe um tempo limÍtrOfe. O que acontece é que algumas etapas vão ficando prontas e vão sendo publicadas. Aí surgem as teses, dissertações, mestrados e doutorados, segundo a professora.
Todo Estudo tem fundamento? Como identificar os que não têm?
Quando são publicados em revistas científicas ou se transformam em teses de Universidades renomadas, isso já mostra que o Estudo é real e deu certo. Mas, é isso: tudo depende de onde ele foi publicado e quem é o seu autor.
Se a pesquisa teve um impacto grande, foi citada em várias outras publicações, significa que ela é boa. “Se ninguém leu, não deu importância, ou se foi refutado ou muito criticado, quer dizer que não é muito confiável”, explica Marcia. E nós, do vix.com, estamos de olho nisso também!
Segundo a diretora, é difícil um Estudo só comprovar todo um questionamento. Várias pessoas costumam refazer. “É aí que está a confiabilidade”, aponta ela.
“Quando é relevante, o aspecto de publicação é devastador. Resultados muito importantes têm efeitos sobre quem o publicou. Os cientistas se preocupam muito com a reputação. Quanto mais importante o tema, mais cuidadosa a pessoa é. Confere milhões (não é exagero!) de vezes, porque publicar o espetacular errado tem um impacto enorme”, completa a professora.
Quem está por trás dos Estudos?
É verdade que qualquer pessoa pode submeter um artigo (encaminhá-lo para uma revista científica aprovar e publicar, sempre em inglês).
Entretanto, é muito mais complicado para quem não está associado a nenhuma instituição de pesquisa, não tem mestrado e/ou doutorado, conseguir.
Isso porque existem uma série de regras de métodos e ferramentas de linguagem a serem seguidas. “A chance de aprovação é baixa para quem não está acostumado. Existe todo um padrão”, explica Marcia.
Para avaliar a pesquisa, diversos outros cientistas que já publicaram artigos fazem uma análise crítica, em um processo de questionamento que vai e volta para o autor do Estudo, que tem direito de resposta.
“Se existem teóricos que estão sendo criticados na pesquisa, por exemplo, eles são acionados para também fazer parte da aprovação do estudo”, revela a diretora.
Os avaliadores são anônimos, não ganham nada por isso, e podem levar anos para aprovar um artigo. “Existe um cuidado enorme na publicação dos artigos. Inúmeros são rejeitados”, diz ela.
Antes de publicar o Estudo, também há uma analise rigorosa: existem programas que detectam plágios, por exemplo. E também detectar se o cientista está submetendo o artigo científico para mais de um periódico publicar, o que é proibido.
Revistas e periódicos científicos: em quais confiar?
Mas é importante lembrar que nem toda revista ou jornal científico é completamente de confiança. Só aquelas que são indexadas, que são as que recebem pontuações pela sua qualidade e pelos próprios institutos de pesquisa (possuem mais credibilidade, portanto).
Elas podem ser localizadas em sites de banco de dados como o Scopus, o Web of Science e o PubMed. Nomes como a Nature, a Science e a PLoS One, são as mais conhecidas do mundo, por exemplo.
“Só Estudos com temas importantes, originais, que realmente testem as hipóteses apresentadas, com metodologia de teste adequada, amostras de tamanhos razoáveis, bem escrito, com conclusões e discussões detalhadas é que são publicados”, explica Marcia.
Quem paga por eles?
No Brasil, em geral, quem investe é o governo em parceira com o Ministério de Ciências, Tecnologia, Inovações e Comunicações, por meio de diversas agências públicas de financiamento, como a CNPQ, a Capes, e fundações estaduais como a Fapesp, a Finep.
Mas grandes empresas também estimulam pesquisas. É o caso da Petrobrás, da Vale do Rio Doce, da Embrapa e outras que fazem associações com universidades, por exemplo.
Fora do Brasil, o mais comum é o privado, que trabalha dentro das instituições de ensino e abordam temas com aplicações tecnológicas e de interesses econômicos.
Mas muitas pesquisas também são realizadas com pouco investimento. Dependendo da área, o custo necessário é baixo e consegue ser feito sem muito dinheiro, conta a professora.