As aves em geral costumam voar em bandos, migrando de regiões em busca de alimentos e para se proteger das estações mais frias. As galinhas e os frangos, porém, fogem dessa equação. Suas asas são menores e os músculos grandes e pesados.
Por conta disso, elas não conseguem ‘decolar’ de forma semelhante a outras aves, mas existem outros motivos que justificam o fato das galinhas serem, digamos, uma negação quando o assunto é voo: a culpa pode ser do homem. Entenda melhor a seguir.
Galinha da selva
A galinha da selva ( Gallus gallus) é o ancestral mais antigo da ave. Há cerca de 6 mil e 8 mil anos, o homem passou a domesticar este animal nas regiões do sul da China, sudeste da Ásia e na região da Índia abaixo do Himalaia.

O hábito de comer essas aves foi se expandindo, chegando à região onde fica a Etiópia e a Eritreia para, depois, chegar à região do chifre africano como um todo – incluindo países como Somália e Djibuti.
Um estudo da Universidade de Washingnton em St. Louis (EUA) afirmou que o auge dessa ‘exportação’ das galinhas aconteceu entre 300 anos antes de Cristo até o primeiro milênio depois de Cristo.
Nessa adaptação da galinha, elas passaram a ter os músculos mais tonificados, comprometendo a habilidade de voar. “Nós fizemos isso com elas. Fizemos isso através do mais antigo tipo de engenharia genética que temos, que é a reprodução seletiva”, disse ao LiveScience o professor de células clínicas e neurobiologia da Universidade do Sul da Califórnia (EUA) Michael Habib.
Além do músculo forte, as galinhas têm uma resistência muito baixa. Aves caçadoras e de grandes asas precisam da resistência para decolar de maneira ágil, mesmo que em curta distância. A isso os especialistas chamam de ‘voo de estouro’, o que permite caçar e, ao mesmo tempo, fugir de predadores.

Galinhas não voam – e a culpa é do homem
Com o passar dos anos, o homem passou a adquirir mais gosto pela carne branca. Isso interferiu na criação das galinhas e frangos: com alimentação mais pesada, essas aves passaram a ser apreciadas pela quantidade de carne.
A proporção da massa corporal para o tamanho da asa se aumentou durante o passar dos anos. Uma ave precisa de, pelo menos, 1 cm² de tamanho por 2,5g de peso na asa para voar. O problema, no caso das galinhas, é que o peso aumentou bastante – enquanto o tamanho da asa praticamente ficou estacionado. Por isso, elas voam a distâncias cada vez menores.
Comparada à galinha da selva, os frangos e galinhas que consumimos hoje têm menos capacidade de voar.
“Se as galinhas estão perto de uma cerca e a cerca é alta o suficiente, não têm força para decolar e conseguir superar a cerca”, explica Habib. “Se estão longe da cerca, poderiam ter um ângulo de decolagem menor. Ainda assim, as galinhas não têm resistência o suficiente para conseguir chegar até a cerca”.
Ovo, galinha e muitos mistérios
- Ovos gigantes da galinha Charlotte: explicamos o mistério
- Ovo de codorna é bem mais nutritivo que ovo da galinha
- Ovo ou galinha? Estudo traz uma resposta para o dilema