Não é só aqui em nosso planeta que o céu é azul da cor do mar. Sabemos que entre os planetas do Sistema Solar, Netuno e Urano tem atmosfera com cor semelhante à da nossa.
E agora, um grupo de astrofísicos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP descobriu que mais dois exoplanetas (ou seja, que estão fora de nosso sistema) têm as mesmas características.
Outros planetas com céu azul
O estudo publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society se propôs a investigar o comportamento de três exoplanetas, chamados de WASP-5b, WASP-44b e WASP-46b.
Eles se instalaram no Observatório Pico dos Dias, na cidade mineira de Brazópolis, entre agosto de 2011 e agosto de 2013.
O telescópio que observa corpos tão distantes faz a medição pelo comprimento de onda de luz e, com essas informações, consegue processar o tamanho da estrela ou do planeta, assim como sua trajetória de movimento no universo.
Quando apontaram a lente para estes três planetas, dois deles reagiram com o espectro da onda de cor azul – exatamente o que aconteceria se alguém em outra galáxia estudasse a Terra.
“Nossa atmosfera é praticamente transparente nos outros comprimentos de onda da região do óptico, faixa do espectro eletromagnético que o olho humano consegue enxergar”, explicou Leonardo Almeida, pós-doutor do IAG-USP e um dos autores do trabalho, em comunicado da universidade. “Já no azul, a luz que vem do Sol nessa faixa é espalhada na atmosfera, e por isso vemos o céu azul”.
“Quando os observamos no azul, temos um aumento do raio e isso pode indicar que o que estamos vendo é o espalhamento de Rayleigh [nome científico para tal efeito], ou seja, que os céus desses planetas podem ser azuis”, revelou o cientista.

Por que encontrar outros planetas com céu azul?
O objetivo do trabalho é entender a formação dos sistemas planetários e qual o comportamento deles ao redor de uma estrela. Por isso, encontrar e entender o maior número de exoplanetas é fundamental até haver uma quantidade que possibilite uma análise estatística efetiva, explicam os pesquisadores.
“Júpiter quente”
Uma das descobertas do trabalho foi um “Júpiter quente”, que significa um planeta com característica e tamanho similares a de Júpiter, mas que se posiciona bastante próximo a sua estrela – a órbita deve ser inferior a dez dias; a da Terra é de 365.
A observação deste planeta pode ajudar a responder como todos os “Júpiteres quentes” se localizam tão perto das estrelas. A teoria mais aceita até então é a da migração planetária, que explica que os planetas, devido a diversos choques, perdem movimentos angulares ao longo de milhões de anos, se aproximando da estrela.
Estrelas ao infinito
- Nascem, mudam de cor e morrem: conheça o ciclo de vida das estrelas
- Estrela cadente não é estrela: tamanho e composição são bem diferentes
- Número de estrelas e galáxias do universo é maior do que a ciência previa