Assim como nós, seres humanos, as plantas também respiram. E é graças ao seu padrão de respiração – que realiza o processo da fotossíntese, que produz a energia necessária para a própria sobrevivência ao absorver gás carbônico (CO2) e liberar oxigênio (O2) – que o ar limpo é possível e real.
Com o tempo, porém, os padrões de respiração de algumas plantações precisaram sofrer adaptações. Mas, as mudanças não foram prejudiciais, pelo contrário. No caso de plantações de milho, cereal e arroz, essa mudança foi crucial para evitar que ao longo de milhões de anos o planeta sofresse uma grande seca.
Essa descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Stanford (Estados Unidos) e publicada na revista Science.
Plantações e o controle do clima
O fato das plantações – especificamente as gramíneas, que incluem trigo, milho e arroz – desenvolverem um padrão de respiração adaptável realmente surpreendeu os cientistas.
“Essa adaptabilidade e produtividade das plantações torna a compreensão delas essencial para entender a sobrevivência humana”, disseram os cientistas.
O estudo da Stanford sugere que, com o passar dos anos, as estruturas dos estômatos (pequenos poros responsáveis pela troca de CO2 – ou seja, a respiração – das plantas) mudaram.
No período evolutivo de 400 milhões de anos, a respiração das gramíneas precisou utilizar quatro, ao invés de duas, células respiratórias.
Isso permitiu controlar com firmeza a perda de água e, no futuro, se tornou fator decisivo para sobreviver melhor à mudança das condições climáticas.
Como a pré-história foi salva de grande seca
Devido ao estômato dessas plantações (que reúnem mais de 6 mil espécies em todo o planeta), e a forma de absorver e liberar oxigênio, os especialistas acreditam que a pré-história ficou a salvo de uma grande seca.
Para chegar a essa conclusão os cientistas coletaram amostras de trigo, que possuem padrão de respiração bicelular, e compararam com a forma mutante de uma plantação considerada padrão, que usualmente possui quatro células de respiração.
A professora de biologia Dominique Bergmann, principal autora do estudo, exemplificou: “Quando se quer algo mais resistente à seca, ou algo que possa funcionar melhor em temperaturas mais altas, ou algo que seja capaz de absorver o carbono de forma aprimorada, muitas vezes o que se faz é selecionar várias propriedades dos estômatos”. Noutras palavras, é como aprender a respirar diferente para salvar o planeta.