Quando pensamos em memória e sentimentos correlatos, como saudades ou traumas, os sentidos associados são sempre a visão (de um local, uma foto, uma pessoa) e a audição (de uma música, uma história, uma voz).

Cheirinho de café

Mas é inegável que existe um tipo bem específico de memória, difícil de colocar em palavras, que é despertado pelo olfato. Quem aqui nunca sentiu de repente saudades da casa de um amigo, de uma namorada ou da avó simplesmente ao sentir um cheiro semelhante ao destes lugares ou destas pessoas?

Sentido poderoso
O olfato é tão importante para a evolução das espécies que veio antes mesmo da audição e do tato. Este sentido tem suas origens na percepção de mudanças químicas no ar e na água, e foi desenvolvido até mesmo por bactérias rudimentares. 

Existem cerca de mil receptores diferentes de olfato em nosso organismo, e eles se regeneram ao longo da vida, e até mesmo se adaptam para captar os cheiros que estamos mais acostumados a sentir. Até por isso, é muito difícil darmos nomes para todos os cheiros, não é verdade? Conhecemos o cheiro de algo queimando, de algo estragado ou de determinados alimentos, mas para outra enorme gama de cheiros apenas dizemos (armário da vovó, pele de bebê, carro novo, etc.)

Relação com a memória
Os dois bulbos olfatórios são as partes do cérebro responsáveis por receber as informações do nosso olfato e transmiti-las para o resto do organismo. Esses bulbos estão localizados bem próximos do hipocampo, a parte do cérebro responsável por processar e organizar nossas memórias. 

Outra pista é a seguinte: enquanto os outros sentidos (visão, audição, paladar e tato) são captados pelos respectivos órgãos e param numa região chamada tálamo a fim de serem organizados e interpretados, o olfato vai dos bulbos direto para o hipocampo. Essa é uma boa dica sobre a enorme influência dos cheiros na nossa memória, e do porquê encontramos dificuldade em descrevê-los.

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