Algumas civilizações antigas acreditavam que a alma ficava no coração e era ali de onde vinham os sentimentos e emoções. Tanto é que a palavra recordar, que hoje relacionamos com a memória (que sabemos que fica no cérebro), significa “voltar a passar pelo coração”. Hoje em dia, as funções do coração já são conhecidas e sabe-se que ele não tem nada a ver com sentimentos, pensamentos e memórias.

Mas então por que sentimos o famoso aperto no peito quando estamos angustiados ou apaixonados? Por que continuamos relacionando o coração com as emoções e, principalmente, com o amor? Bem, o amor continua sendo um grande mistério para a ciência, mas os pesquisadores já têm algumas pistas que podem desvendar porque sentimos que algumas emoções vêm de dentro do coração.

Coração apertado e borboletas no estômago: está tudo no cérebro

Os cientistas acreditam que os humanos sentem as emoções fisicamente no coração e no abdome devido a uma reação cerebral específica que ocorre no córtex cingulado anterior. Em diferentes estudos observou-se que esta região do cérebro é ativada diante de situações estressantes ou muito emotivas. Além disso, sabe-se que a região está vinculada à regulação de algumas funções autônomas como a pressão sanguínea e o ritmo cardíaco, por isso a relação entre fortes emoções e sensações físicas se torna evidente.

Em um estudo das universidades de Aalto, Turku e Tampere, na Finlândia, um grupo de pesquisadores solicitou aos voluntários que indicassem em qual parte do corpo sentiam diferentes tipos de emoções e sentimentos. O resultado foi a seguinte imagem:

Os resultados foram consistentes, levando em conta diferentes culturas. A raiva, a ansiedade e o medo foram associados com fortes sensações na área do peito, enquanto a felicidade e o amor provocaram sensações em todo o corpo. O mais impressionante é que fortes emoções provocam sensações físicas na parte superior do corpo, enquanto a tristeza e a depressão se manifestaram em áreas bem mais inferiores.

A pesquisa demonstra empiricamente como as emoções se manifestam no físico dos seres humanos. No entanto ainda não há uma resposta teórica satisfatória que explique porque isso acontece. Alguns pesquisadores sugerem que se trata de um mecanismo evolutivo de adaptação ao ambiente mediante ao qual os seres humanos regulam seu ritmo cardíaco quando respondem a estímulos de estresse. Mas isto é apenas uma hipótese, já que a função evolutiva deste mecanismo é desconhecida.