Passar por constrangimentos é algo extremamente evitado por qualquer ser humano. O coração acelera, as bochechas ficam vermelhas e a primeira reação é, normalmente, querer sumir o mais rápido possível. Porém, mais uma vez a ciência surpreendeu ao mostrar as vantagens destes momentos, que podem até melhorar as relações sociais.
Diversos psicólogos buscam entender por que a evolução nos levou a demonstrar a vergonha de forma tão explícita. Charles Darwin tentou compreender essa situação, mas não conseguiu e não encontrou nada de positivo nesses breves momentos. Para ele, a vermelhidão só serve para aumentar o desconforto. Porém novos estudos mostram justamente o contrário. O medo de que algo se torne público causa mais embaraço do que um acidente, por exemplo, mesmo que seja uma situação positiva. E as reações físicas são naturais, como mostra o psicólogo Ray Crozier, da Universidade de Cardiff, na Grã-Bretanha.
Toda a gesticulação que sucede uma situação constrangedora sugere um pedido de desculpas, de acordo com Mark Leary, da Universidade de Duke, Estados Unidos. O fato de ficarmos vermelhos nos faz parecer menos egoístas, pois não desafia a autoridade que provocou o embaraço. Pode demonstrar também solidariedade, se coramos em razão do constrangimento de outra pessoa. Como não é algo que se pode controlar, esta manifestação é um sinal genuíno de honestidade, algo que atrai a empatia das outras pessoas.
A conclusão mais curiosa sobre as situações de desconforto é a que mostra que ficar envergonhado torna as pessoas mais atraentes. É um sinal de que a pessoa é sociável e altruísta, qualidades procuradas em relacionamentos sólidos, de acordo com um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá.
Apesar de todos esses motivos, mais uma causa para as reações físicas da vergonha é o chamado efeito holofote, que é quando o indivíduo se dá conta da atenção incomum que está recebendo. Embora sejam situações extremamente desconfortáveis, elas são inevitáveis de acabar acontecendo, e são necessárias para o bem-estar da pessoa a longo prazo.