Experiência genética une células de porcos e humanos para criar órgãos para transplante

por | jan 27, 2017 | Ciência

Células-tronco de humanos foram introduzidas em embriões de porcos com o objetivo de gerar órgãos e tecidos que possam ser usados em transplantes em pessoas. “Este é o primeiro passo, e é muito importante”, revelou Juan Carlos Izpisua Belmonte, do Instituto Salk para Pesquisas Biológicas, dos Estados Unidos.

Transplante de animal para humano

Cerca de 2 mil embriões foram testados em três e quatro semanas. Destes, em torno de 180 originaram a famosa quimera (que é definida como a mistura de células de espécies diferentes). Entretanto, seu crescimento não foi tão satisfatório (foi lento e o tamanho foi menor do que o normal) e poucas células humanas sobreviveram.

Mesmo assim, os cientistas do estudo da quimera humana, do Instituto de Estudos Biológico Salk, dos Estados Unidos, estão otimistas.

“É justo dizer que conseguimos, mas o nível é baixo”, contou Jun Wu, um dos líderes da pesquisa, em entrevista para o site de notícias da Science.

Os testes já tinham sido feitos com ratos e camundongos e deram certo. O pâncreas de um rato foi criado em um camundongo e o seu transplante ajudou a curar o diabetes do rato que estava doente. Já foram produzidos olhos e corações também, de acordo com estudo sobre mistura de espécies, publicado no periódico científico da Nature, em 2015.

O processo ainda está na fase inicial e, além dos aprimoramentos, ainda existem testes que precisam ser realizados. Alguns dos problemas é que a gestação do porco dura 114 dias (cerca de 4 meses), menos que a dos seres humanos (9/10 meses), e a semelhança entre as espécies é muito pequena, o que faz com certos tecidos e órgão não possam ser formados. “Mas esse é um problema técnico que pode resolvido de uma forma direcionada e racional”, explica Wu.

A grande questão que ainda deve rondar por muito tempo é a ética, que ainda incomoda a comunidade científica: e se começarem a nascer animais com outras qualidades humanas, como a inteligência (ainda que nenhuma célula cerebral seja introduzida)?

Descobertas da genética