Experimentos cruéis da História: Marion Sims e as cirurgias com escravas

Marion Sims (1813-1883) foi um importante ginecologista de seu tempo, mas seus métodos controversos são motivos de discussão até hoje.

Considerado pai e fundador da ginecologia moderna, desenvolveu a primeira operação consistente da fístula vesico-vaginal, uma terrível complicação médica diretamente relacionada com o parto que resulta numa constante e incontrolável incontinência urinária.

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Este problema, que afetou milhares de grávidas seriamente, intrigava os médicos há muito tempo. Por isso mesmo, Sims se tornou uma espécie de ‘herói’ imediato por sua descoberta.

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Métodos ‘pouco éticos’

Sua fama e reputação, porém, logo iria despencar com o passar dos anos. Foi quando ficou claro que os métodos empregados para desenvolver suas pesquisas científicas não eram nada éticos. Sims costumava fazer suas experiências com mulheres que tinham como escravas, a partir de métodos cruéis.

As cirurgias experimentais que conduziu entre 1845 e 1849 causaram sofrimentos danosos nas escravas negras que usava como cobaias. Ele realizava as cirurgias sem anestesia, argumentando que a dor não teria ‘magnitude suficiente’ para que pudesse ser aplicada.

Nestes quatro anos de experimentos, ele submeteu dezenas de escravas de um velho hospital da zona de Montgomery (no Alabama, EUA) a esses procedimentos cruéis. Uma delas, a jovem Anarcha, que sofria de problemas vesico-vaginais e reto-vaginais, foi obrigada a fazer 30 operações por Sims antes que ele pudesse fechar os orifícios entre a bexiga e o reto. Assim, ela ficou exposta à dor sem que pudesse reagir.

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Nenhuma das cirurgias práticas feitas por Sims foram consentidas. As mulheres eram mantidas à força e obrigadas a se submeter a esses testes dolorosos.

O professor Durrenda Ojanuga, da Universidade do Alabama, chegou a pedir desculpas por uma publicação de 1993, no Jornal de Ética Médica, dizendo que o fato de usar escravos para experimentos com seres humanos é algo totalmente inaceitável.

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