Localizada no mais extremo norte do planeta e repleta de camadas de gelo de até 3 quilômetros de espessura, a Groenlândia está passando pelo pior incêndio de sua história. Como é pouco habitada – no último Censo local, em 2015, a população era de 57 mil pessoas – a notícia das queimadas em larga escala só foi possível por meio de imagens de satélite captadas pela Nasa.
Fumaça sobre o gelo
A Groenlândia é um grande território autônomo que faz parte da Dinamarca. Quase toda sua terra está localizada dentro do círculo polar ártico – uma região da Terra extremamente gelada e cuja temperatura mínima atinge até -66ºC.
Além de enormes calotas de gelo de até 3 km de grossura, sua superfície é coberta também da floresta tundra, um tipo de vegetação que cresce em solos permafrost (quase sempre congelados) e é caracterizada por ser rasteira, seca e acompanhada de líquens e musgos.
É um ecossistema no qual é muito difícil haver fogo, mas quando há, é também difícil parar.

Foi o que aconteceu na região costeira do território, a 150 quilômetros da cidade de Sisimiut, a segunda maior da Groenlândia, que nesta época do ano apresenta sua temperatura mais elevada no ano: cerca de 12ºC.
Causas do incêndio
A hipótese mais considerada por Stef Lhermitte, da Universidade de Tecnologia da Holanda, que está publicando as informações do incêndio, é de que um raio tenha atingido a vegetação e iniciado o fogo. Contudo, há outro motivo mais amplo para o problema ambiental: o aquecimento global.
Em seu Twitter, o geocientista Lhermitte afirmou que este é o maior incêndio registrado desde o começo das medições, em 2000. E a região ártica tem passado por intensa elevação de temperatura.
Um estudo publicado na plataforma ambientalista Climate Central afirma que o pólo norte tem o maior índice de incêndio dos últimos 10 mil anos e está aquecendo como nenhum outro lugar da Terra.
O que poderá acontecer?
O aumento de temperatura média derrete o gelo que cobre a tundra e também o seu solo permafrost. A análise do tipo de fumaça produzida no incêndio mostra que a vegetação, o solo e sua matéria orgânica estão queimando e alimentando o fogo. Não há previsão para que ele se apague enquanto não houver chuvas.
Atividades de caça e de hiking foram suspensas. Agora, o risco maior é que a fuligem da fumaça se espalhe na atmosfera e precipite sobre geleiras, uma vez que tais cinzas derretem o gelo, o que pode desestabilizar todo o ecossistema local.
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