Geleira gigante de quase 6.000 quilômetros se desprende da Antártica: entenda o risco

Imagine um pedaço de gelo gigante do tamanho da cidade do Rio de Janeiro. Agora multiplique seu tamanho por quatro e solte no meio do oceano. É isso que recentemente (entre 10 e 12 de junho) na Antártica. A plataforma de gelo Larsen C, localizada na Península Antártica se descolou de seu continente.

Geleira se desprende da Antártida: o que pode acontecer?

“Falando francamente, as consequências podem ser terríveis, embora ainda não saibamos exatamente o que ocorrerá”, afirmou John Abraham, professor de Ciências Térmicas na Universidade São Thomas, Estados Unidos, em entrevista à publicação alemã Deutsche Welle, antes do descolamento.

Então, uma enorme fissura já rompia quase toda plataforma de gelo e era possível notar seu avanço diariamente, afirmou o cientista.

Este não é o primeiro iceberg gigante a rachar neste península – a Larsen A e a Larsen B, respectivamente, se desprenderam em 1995 e em 2002 – mas é o maior até aqui.

O iceberg de 5.800 quilômetros quadrados pode permanecer inteiro, mas o mais provável é que ele se desprenda em fragmentos, que poderão permanecer na região ou se movimentar para águas mais ao norte. O descolamento deixa a Larsen C suscetível a futuros desprendimentos.

É um sinal do aumento no nível do mar

Para o cientista, o rompimento da geleira é efeito direto da ação do aquecimento global. “O aumento da produção de gases do efeito estufa, que armazenam o calor, por seres humanos, resulta tanto no aquecimento do ar quanto dos oceanos. Assim, essas placas de gelo sentem o aquecimento tanto na parte de baixo e na de cima”, explicou Abraham.

A consequência mais palpável para nós é o aumento no nível do mar em ritmo acelerado. De acordo com o professor norte-americano, a apocalíptica previsão é de que em 2100 os oceanos de todo o planeta estejam até um metro acima do atual.

Se esta hipótese se confirmar, diversas cidades litorâneas se tornarão inabitáveis – um exemplo é Miami, nos EUA. “Isso vai resultar num deslocamento de pessoas em todo o mundo. É algo impressionante se você pensar em termos de custos econômicos e consequências sociais de ter de realocar cidades inteiras e partes de países”, disse.