Um homem francês de 40 anos está colocando em xeque a principal hipótese sobre a localização da consciência no cérebro humano. E isso aconteceu de forma involuntária: durante um exame para investigar uma dor na perna, foi identificado que grande parte de seu cérebro estava comprometida. O caso foi publicado pelo periódico científico The Lancet e já existem algumas hipóteses para explicar o caso.
Homem leva vida normal sem áreas fundamentais do cérebro
O sujeito em questão procurou os médicos ao sentir um desconforto em sua perna esquerda. Era o mesmo incômodo que sentiu aos 14 anos, quando foi constatado que um de seus ventrículos cerebrais estava preenchido com um líquido intracerebral. Os médicos, à época, retiraram por completo a substância, a dor passou e nunca mais foi reportado nenhum incômodo do paciente.
Após a realização de exames, foi detectado que muitos ventrículos – tipos de cavidade existentes no cérebro – estavam inchados e ocuparam de tal forma sua massa cerebral que apenas uma fina camada cortical de neurônios estava em atividade.
O homem que foi o centro deste estudo não teve a identidade relevada no artigo. O que se sabe é que tinha 40 anos, esposa, dois filhos e um emprego estável como funcionário público. Vida quase perfeita.
Quando foi fazer o exame para avaliar se o novo problema na perna teria relação com uma inflamação do ventrículo cerebral, deu-se a surpresa: o líquido, dessa vez, tomou os ventrículos e ocupou seu cérebro.
Prejuízo à área da consciência
O estudo assinado por Lionel Feuillet, do departamento de neurologia da Universidade de Medicina de Marselha, demonstra que áreas até então tidas como indispensáveis para o funcionamento da consciência estavam inativas.
Os neurocientistas afirmam que o tálamo, região central do cérebro, é responsável pela transmissão de sinais sensoriais ao córtex cerebral. Quando o tálamo sofre algum tipo de dano, é comum que o paciente entre em estado de coma. E, neste caso, o tálamo estava praticamente desligado.
Outras hipóteses sobre o funcionamento da consciência são apresentadas no estudo e podem responder, em parte, o acontecido. A “teoria da plasticidade radical”, por exemplo, afirma que os neurônios não enviam sinais uns aos outros diretamente, mas por todas as conexões possíveis, o que faria seu mapeamento ainda mais complexo.
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