Nova vacina poderá curar vício por tornar cérebro imune à ação da heroína

Nos Estados Unidos e na Europa, a heroína é uma das drogas mais populares – e, também, uma das mais perigosas. Somente nos EUA, estima-se que em 2016 mais de 60 mil pessoas tenham sofrido overdose da substância. E a solução para este problema social pode vir em forma de vacina.

Nova vacina contra heroína

Um grupo de cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps apresentou na reunião anual da American Chemical Society uma espécie de antídoto à ação da heroína no cérebro.

Na ocasião, Kim Janda, que liderou o projeto de desenvolvimento das vacinas, afirmou que vê a sua criação como um método eficaz e barato para o tratamento antidroga.

“Existe uma necessidade urgente de descobrir medicamentos eficazes para tratar distúrbios do uso de substâncias ilegais. Cada vez mais, os usuários de drogas estão se voltando para os opioides [tipo de droga como a heroína] e poderosas versões sintéticas dessas drogas, que às vezes podem ser até 100 vezes mais potentes que a heroína “, disse a especialista.

Como funciona?

Meses antes da apresentação oficial no congresso, o grupo de pesquisadores liderados por Janda publicou um artigo no Journal of the American Chemical Society esclarecendo a metodologia aplicada e detalhando os testes feitos com o produto.

A equipe projetou um tipo de molécula chamada hapteno, cuja estrutura é bastante similar à da heroína.

Em testes, esta molécula foi introduzida no corpo de animais e ligada a proteínas transportadoras, que fazem a conexão com anticorpos. A ideia é que se forme uma barreira de anticorpos – e esta é a grande sacada de seu projeto.

Depois disso, é estimulada a anexação desses anticorpos à molécula de heroína de modo a torná-la tão grande que não passe pela barreira hematoencefálica – que “seleciona” que substâncias podem chegar ao sistema nervoso central -, o que é necessário para que a droga faça efeito. E uma vez formada tal barreira, mais difícil que mesmo moléculas sem anticorpos acessem o cérebro.

Outras tentativas de barrar a ação da droga tinham como objetivo matar as moléculas de opioides, sem sucesso.

Teste em animais dá resultado

O desenvolvimento da vacina passou por testes em ratos e, depois, em macacos. E teve resultado positivo. “Os efeitos da vacina provaram ser duráveis, persistindo por mais de oito meses.

A vacina principal foi eficaz em macacos, gerando títulos de IgG [substância que age na droga] significativos e sustentados em cada teste”, afirma o artigo científico.

A conclusão é de que o “imunoantagonismo” da heroína possa reduzir a força da droga em mais de 15 vezes.

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