O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos começou a testar pequenos chips que servem como modelos de órgãos humanos preparados para imitar as funções biológicas de nossos organismos.
A ideia é que o pequeno dispositivo, chamado Human Emulation System (sistema de emulação humana), reproduza as reações humanas a doenças alimentares – algo que, em longo prazo, pode eliminar o uso de cobaias em laboratórios.
Para isso, é preciso confirmar a possibilidade de substituir os dados coletados por esses chips pelos dados que seriam coletados com cobaias animais. Ao estudar os efeitos de um intoxicante, por exemplo, os resultados teriam que ser os mesmos tanto por meio dos chips, como por meio das cobaias.
É a primeira vez que uma agência reguladora está testando esse tipo de tecnologia, que seria uma alternativa aos testes animais.
Microchips com células humanas: como funciona?
Criado pela empresa de biotecnologia Emulate, o microchip guarda órgãos em miniatura que contêm vários tipos de células humanas.
Essas células foram preservadas com cuidado e continuam bombeando como se estivessem nas nossas veias sanguíneas, fornecendo nutrientes da mesma maneira que operam em um corpo humano.
A diferença é que é possível adicionar componentes do sistema imunológico nos chips que guardam essas células.
Isso permite ver como esses componentes podem afetar o metabolismo do ser humano, por exemplo.
Se o resultado realmente for o esperado, as células desses microchips podem captar dados mais próximos à realidade humana. Afinal, o metabolismo de animais reage de forma diferente: um chocolate, por exemplo, pode ser um intoxicante grave aos cães, quando, para nós, é um doce bastante apreciado.
Fim do sofrimento animal?
Muitos cientistas ficaram surpresos com a adoção imediata do Human Emulation System pelo departamento de saúde norte-americano.
Em entrevista à revista Nature, o toxicologista da Universidade de Pittsburgh em Pensilvânia (EUA) Lawrence Vernetti declarou: “Estou animado ao ver que as pessoas estão dispostas a experimentar essa nova tecnologia. É preciso ter à disposição um sistema em que os reguladores da ciência possam confiar nas respostas que sairão dele”.
Ativistas das causas dos animais também mostraram apoio à tecnologia. “Os animais não têm que sofrer mais por conta de testes de envenenamento para melhorar os cuidados com a saúde para os seres humanos”, declarou a ONG Pessoas para o Tratamento Ético dos Animais (PETA na sigla em inglês) em comunicado oficial.