No próximo dia 21, um eclipse solar total será visível na América do Norte e, de maneira parcial, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Em entrevista à NPR, rádio estatal de Washington D.C., astrônomos norte-americanos explicaram que há mais que beleza para ver no eclipse: o evento revelará uma parte escondida do sol – e ele estão pedindo ajuda para não perder nenhum detalhe durante a observação.
Reforço para observar eclipse: por que é necessário?
Embora possamos olhar para o Sol o tempo todo, todo dia, algumas específicas partes dele são melhor observáveis somente durante um eclipse.
O dia 21 de agosto, portanto, será uma excelente oportunidade para astrônomos observarem determinados comportamentos solares. Há, claro, um problema nisso: ele deve ser total por apenas 2 minutos e 40 segundos, tempo insuficiente para a análise completa da estrela.
Em entrevista à NPR, os astrônomos Jay Pasachoff, da Universidade de Massachusetts, e Matt Penn, do Observatório Solar Nacional do Arizona, explicaram que quando a Lua se posiciona à frente do Sol, bloqueia sua luz cega e, assim, pode-se enxergar a atmosfera externa da estrela
Esse “halo” é chamado de coroa, pelo seu formato brilhante e circular como de uma coroa de rei.
“A coroa é grande, mas ela muda lentamente, e em dois minutos você não pode realmente ver as mudanças que queremos estudar no vento solar”, disse Penn.

Quem são os voluntários?
Para aproveitar o momento raro do eclipse total, os cientistas organizaram o experimento Citizen CATE. Vários voluntários, que foram treinados, posicionados em 68 pontos ao longo dos mais de 4 mil quilômetros nos quais o evento poderá ser visto, usarão telescópios idênticos para fotografar a coroa no céu. Infelizmente todos eles deverão estar todos nos Estados Unidos.
Com estes telescópios, os astrônomos terão informações precisas sobre o Sol ao longo de toda extensão dos EUA uma vez que o eclipse poderá ser visto de costa a costa em um espaço de tempo maior.
“Podemos observar a coroa por 93 minutos e, portanto, ver mudanças que normalmente não deveríamos detectar de outra forma”, explicou Penn.
Balões levarão bactérias ao céu
O comportamento da atmosfera se altera bastante também durante o período do eclipse. “O eclipse atravessando o país, em uma sombra escura em uma média de cerca de 2.400 km/h, vai criar ondas na atmosfera”, explicou à NPR a astrônoma Angela Des Jardins, da Universidade de Montana.
Serão enviados ao céu mais de 50 balões que irão captar vídeos ao vivo do eclipse – que ajudará ao projeto Citizen CATE – e também informações sobre a atmosfera. O mais curioso, contudo, é que levarão consigo, também, bactérias resistentes e inofensivas. Isso porque em altas altitudes e durante um eclipse, as condições naturais são similares às de Marte e, assim, os cientistas podem testar como um ser vivo reage a este ambiente.
Impacto dos astros
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