
Entre um estilo de arquitetura moderna e o design sustentável, as “florestas verticais” estão se popularizando ao redor do globo como uma alternativa de urbanização consciente.
Da Itália à China, os projetos desenhados pelo arquiteto italiano Stefano Boeri abraçam um novo conceito de moradias sustentáveis.
Protótipo de floresta vertical foi construído em Milão

O primeiro modelo das florestas verticais foi construído em Milão, na Itália. Seu principal objetivo era criar um estilo arquitetônico inspirado pela biodiversidade.
Segundo o site oficial do arquiteto Stefano Boeri, o prédio, construído na área Porta Nuova, é composto por duas torres com respectivamente 80 e 112 metros de altura.

Elas comportam 800 árvores, entre espécies pequenas, arbustos e vegetações rasteiras, concentrados em 3.000 metros quadrados de superfície urbana.
O projeto começou em 2007 e foi entregue em 2014. O conceito que inspirou a floresta vertical foi ser um “lar para para árvores que também abriga humanos e pássaros”, e atualmente, abriga cerca de 1.600 espécies de borboletas e pássaros.
Definido não apenas pela sua tecnologia, mas como pela linguagem arquitetônica expressiva, o edifício torna-se uma obra de arte viva. Entre várias cores e formatos, o prédio tem a ambição de conquistar seu espaço como “um novo símbolo para Milão”.
Florestas verticais pelo mundo
Após o sucesso do prédio em sua terra natal, Stefano Boeri levou seu modelo arquitetônico sustentável para outras partes do mundo. Com outros projetos em andamento, confira algumas das florestas verticais que se instalam ao redor do globo.
Holanda

Atualmente, Boeri concluiu a Trudo Vertical Forest em Eindhoven, na Holanda. A construção, iniciada em 2017, serve tanto para proposta residencial como de habitação social.

19 andares da torre de Eindhoven são dedicados a aluguéis acessíveis com melhor qualidade de vida, destinados especialmente a residentes de baixa renda e casais jovens.
China

Outro complexo residencial finalizado recentemente foi construído na China: a Huanggang Vertical Forest City Complex, localizada na província de Hubei. Ainda mais ambicioso, o complexo comporta um espaço verde dedicado a residentes e turistas.

Com cinco torres, sendo duas residenciais, a intervenção urbana combina hotéis e espaços comerciais abertos ao público. Também iniciado em 2017 e concluído em 2021, o projeto também flexibiliza o tráfego urbano, redesenhando a integração entre o sistema rodoviário e as áreas verdes ao seu redor.
Ainda na China, a Nanjing Vertical Forest, localizada no distrito de Nanjing Pukou, também é outro conjunto de torres modelado para unir residências e biodiversidade.

Em construção desde 2016, o projeto foca nos problemas ambientais da China e a crise climática global, localizado em uma área de alta poluição que Boeri pretende revitalizar.

Suíça

A Tower of Cedars, em Lausanne, na Suíça, será usada principalmente como prédio residencial. A proposta é combinar um estilo de vida harmonioso entre pessoas e vegetação em extinção.

A árvore de cedro foi escolhida como vegetação principal, sendo uma espécie capaz de resistir a muitas variações climáticas. A torre está sendo instalada desde 2015, próxima ao lago Leman, oferecendo uma vista panorâmica exuberante, que reforça o alinhamento entre natureza e cidade proposto nas criações de Boeri.
Planos de “cidade sustentável” também estão próximos da realidade

Voltando à China, Stefano Boeri tem mais um projeto ambicioso: criar uma cidade inteiramente sustentável.
O projeto da Liuzhou Forest City, segunda maior cidade da província montanhosa de Guangxi, pretende hospedar 30 mil pessoas, 40 mil árvores e mais de um milhão de plantas de 100 espécies diferentes.
O projeto futurístico, descrito pelo arquiteto como um “organismo urbano”, pretende absorver 9 mil toneladas de dióxido de carbono por ano.

A ideia é não só melhorar a qualidade do ar — considerando que a província foi escolhida justamente por ser uma das mais poluídas da China –, mas também combater as emissões de carbono e remediar estragos ao meio ambiente.
Sustentabilidade do projeto de florestas verticais
Segundo o site oficial de Stefano Boeri, diferente de projetos que usam vidro ou pedra na construção, a fachada que protege as plantas não reflete, nem amplifica, os raios solares.
Ao invés disso, a estrutura promove uma filtragem, que permite gerar uma microambientação interna sem efeitos nocivos ao ambiente e positiva às plantas. “A cortina verde” regula a umidade, produz oxigênio e absorve CO2, exercendo as funções de uma verdadeira floresta.
Por conta de sua estrutura articulada com o meio ambiente, o projeto inicial de Milão ganhou vários prêmios importantes, como o International Highrise Award em Frankfurt. A conquista, ganha em 2014, corresponde a um dos prêmios mais notórios da arquitetura, dedicado a edifícios de pelo menos 100 metros de altura.