Desde 1930, o troféu da Copa do Mundo é um dos objetos mais desejados do mundo esportivo. À época, a Fifa desenhou e produziu uma taça belíssima e definiu uma regra: a seleção que fosse campeã três vezes teria a posse permanente do objeto.
E não deu outra: o tricampeonato mundial conquistado pelo Brasil em 1970 trouxe de uma vez por todas a Taça Jules Rimet para cá. O troféu, contudo, teria sido roubado em 1983 e até hoje seu paradeiro é desconhecido. Desde 1974, outra versão do prêmio, a Taça Fifa, é a menina dos olhos do futebol mundial.
Taça Jules Rimet: criação, roubo e substituição
Em 28 de maio de 1928, a Fifa organizou um congresso para definir o formato da primeira Copa do Mundo, que seria disputada em 1930 no Uruguai.
Na ocasião, o então presidente da entidade, Jules Rimet, definiu que haveria uma taça como recompensa do título e ordenou ao artesão francês Abel Lafleur que desenhasse um troféu quase que inteiramente de ouro.
Exatos 11 meses depois, o objeto estava pronto. A imagem representa uma alegoria da deusa grega da vitória, Nice, foi desenhada com asas estilizadas e braços levantados, erguendo uma copa de formato octogonal. A peça mede 35 cm e pesa 3,8 kg, composta sobre uma base em mármore (onde foram registrados os nomes dos campeões), com liga de prata e ouro maciço.
Foi também Jules Rimet quem propôs a regra de que quem vencesse a Copa três vezes teria a posse definitiva da taça – ele imaginou que tal conquista levaria muitos e muitos anos.
Do primeiro mundial até o torneio que deu ao Brasil o direito de ficar de vez com ela se passaram 40 anos e 9 edições de Copa. Neste meio tempo, a Fifa homenageou o francês: em 1946, seu nome passou a batizar oficialmente o troféu.
Taça roubada e derretida no Brasil
Depois que o Brasil conquistou a posse permanente da taça, ela ficou exposta na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em uma prateleira comum. Em dezembro de 1983, o troféu sumiu e dias depois a polícia chegou à conclusão de que o roubo tinha como objetivo derreter a peça e vender o ouro bruto.
Essa é a versão oficial do episódio, mas há muita gente que desconfia. Um deles é o jornalista britânico Simon Kuper, que há anos investiga o caso e defende que a história tem buracos demais: como não era completamente ouro, a peça não poderia ser derretida; a polícia não tem prova do derretimento; o negociador de ouro argentino, Juan Hernández, condenado pelo caso, nunca assumiu que a peça tenha sido derretida.
E até a Fifa está dedicada a descobrir um eventual paradeiro da Jules Rimet. Em março de 2016, o curador do museu da entidade deu uma entrevista ao Estadão na qual afirma que “vai sair em busca do troféu”. “Não estamos certos de que, após seu roubo, tenha sido derretida, como foi dito”, disse ao jornal.
Mais dois roubos
O caso do Brasil não foi a primeira vez que a Jules Rimet foi roubada. Nem a segunda. Os dois primeiros crimes envolvendo a taça ocorreram na Europa, primeiro na Alemanha e depois na Inglaterra.
Na verdade, no episódio envolvendo a Alemanha, ninguém sabe exatamente o que aconteceu. Quando a seleção do país tornou-se campeã mundial, em 1954, os alemães levaram o troféu para casa. Na Copa seguinte, na Suécia, em 1958, quando a peça foi devolvida ela apresentava características distintas: a base era diferente e a imagem de Nice alguns centímetros maior. Até hoje, muitos historiadores defendem que a original foi perdida ou roubada na Alemanha, que a substituiu com uma réplica.
Em 1966, nas vésperas da Copa do Mundo da Inglaterra, a taça ficou expostas no Center Hall de Westminster, em Londres, quando desapareceu.
A famosa Scotland Yard não tinha ideia de quem e de como o troféu sumiu, mas 7 dias depois um inesperado herói resolveu o problema.
Quando David Corbett saiu para passear com seu cachorro em uma praça, o animal farejou um arbusto. Foi então que Pickles, o cão, encontrou a taça enrolada em jornais. Pickles se tornou celebridade local e ganhou como presente fornecimento vitalício de alimento até o fim de sua vida.
Surgimento da Taça Fifa: detalhes
A Taça Fifa já é o troféu mais longevo das Copas do Mundo. A Jules Rimet foi disputada por 40 anos e 9 edições; a Taça Fifa é o troféu oficial por 43 anos e caminha para completar 12 edições na Copa 2018, na Rússia.
A peça foi criada e produzida pelo artista italiano Silvio Gazzaniga. Ela mede 36,8 cm e pesa 6,175 kg, composta de ouro 18 quilates sobre uma base com duas camadas de malaquita – onde são gravados os nomes e anos de cada vencedor do mundial.
“As linhas brotam da base, subindo em espirais, estendendo-se para receber o mundo. Das notáveis tensões dinâmicas do corpo compacto da escultura se elevam as figuras de dois atletas no momento de reviravolta da vitória”. Assim Gazzaniga descreveu sua criação.
Ao contrário da Taça Jules Rimet, a Taça Fifa não ficará com ninguém. Depois que toda sua base for ocupada com os nomes de seus campeões, o que irá acontecer na Copa de 2038, ela ficará guardada no museu da Fifa, em sua sede em Zurique, na Suíça. Tomara que com o nome Brasil registrado muitas e muitas vezes.
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