SÃO PAULO – A bolsa de valores de São Paulo tem apresentado fraco desempenho nos últimos anos. Em 2010, o Ibovespa (Índice Bovespa, principal referencial para o mercado acionário nacional), terminou o ano quase estável (leve alta de 1%), e em 2011 a queda do índice foi de 18%.
Este ano, o índice, que reúne as ações mais líquidas da bolsa, também não conseguiu mostrar um bom desempenho e alterna momentos bons e ruins. “Se olharmos as bolsas globais este ano, elas estão subindo no geral. Com exceção da China, a bolsa norte-americana está em alta, bolsa da Alemanha, da Espanha e até a da Itália estão subindo”, disse o gestor da gestor da G5 Evercore, Andre Zylberberg, em entrevista ao programa Money Talks, de Alessandro Tommasi.
Segundo ele, existem 3 fatores principais que explicam este “marasmo” da bolsa brasileira.
1 – Expectativas muito otimistas
Na opinião do gestor, existiam expectativas muito otimistas em relação ao Brasil e o crescimento sustentável de longo prazo. “A gente achava que tinha criado uma nova fórmula para crescer entre 4% e 5% ao ano, antes de você ter um problema de gargalo. No final, vimos que não é bem assim e os gargalos surgiram antes”, disse.
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2 -China
Zylberberg aponta que o Brasil foi um dos grande beneficiados, senão o maior, do crescimento da China. Com o gigante desacelerando, também acabamos afetados. “A China compete com o Brasil em quase nada, somos muito complementares, diferente dos Estados Unidos e da Índia, que competem com o Brasil em vários segmentos. Então, o que a China precisa, nós temos a oferecer e o que ela tem para oferecer nós precisamos”, aponta.
3- Interferência do governo
O gestor aponta que a interferência do Governo em alguns setores e empresas também tem prejudicado o mercado. “O Governo Dilma identificou que existiam vários gargalos do crescimento no Brasil. Na tentativa de corrigir isso, começou a emitir uma série de medidas microeconômicas, ou interferências nos setores, com tem efeitos colaterais negativos”, afirma.
Zylberberg cita a interferência do Governo na exploração do Pré-sal, na pressão sobre os bancos públicos para forçar uma queda nas taxas de juros, e também na interferência para a redução do preço da energia no País.
“Não nego que as empresas brasileiras ganham muito dinheiro para fazer um serviço não tão bom, principalmente quando comparamos com as estrangeiras. Mas isso tudo ao mesmo tempo, sem nenhuma vertente estratégica muito clara, tem gerado muito sobressalto no mercado e influenciado o preço das ações”, conclui.