*Atualizado em 18 de agosto de 2016, às 19h42
Os quatro nadadores da equipe olímpica dos EUA que afirmaram terem sido assaltados no Rio de Janeiro, na madrugada de sábado para domingo (14), confessaram que inventaram a história para acobertar a traição de um deles à namorada.
Em depoimento à Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), Gunnar Bentz e Jack Conger assumiram que a história foi produzida por Ryan Lochte para preservar o relacionamento de um dos colegas – não foi revelado qual. Ele teria ficado com uma garota em uma festa na zona sul do Rio, reporta o site do jornal O Estado de S. Paulo.
Versão inicial
De acordo com as informações iniciais dadas pelos atletas, Ryan Lochte e os companheiros Gunnar Bentz, Jack Conger e James Feigen teriam sido alvo de um assalto à mão armada no domingo (14), após saírem de uma festa na zona sul da cidade para retornar à Vila Olímpica. O elemento mais chocante da história é que Ryan havia afirmado que os bandidos mostraram distintivos policiais, teriam obrigado os atletas a saírem do táxi e levado dinheiro, documentos e celulares dos nadadores.
A Polícia Civil apurou, entretanto, que eles provocaram confusão em um posto de gasolina, conforme divulgado pelo site de notícias G1. A reviravolta no caso se deu depois de os seguranças do local serem ouvidos pelos investigadores. Eles afirmaram que os atletas chegaram bêbados e depredaram a porta do banheiro.
O segurança revelou à Polícia que os nadadores se mostravam agressivos e que teria apresentado o distintivo a eles. Dois atletas, então, foram para a rua, e o segurança apontou a arma para impedir que eles deixassem o local.
Vídeo em posto de gasolina

Um vídeo mostra nadadores em um posto de gasolina e foi exibido na TV. Ele revela detalhes do momento em que os atletas chegam ao local, quebram um objeto próximo ao banheiro e tentam retornar ao táxi em que estavam.
A TV Globo conversou com o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, que destacou o momento em que o segurança pede para que os atletas aguardem sentados até resolverem a situação. “É um procedimento comum, como perceberam que eles estavam transtornados em razão da bebida alcoólica”, comenta. “Não se percebe o uso de violência física”.
Novos depoimentos
Segundo o Estadão, o taxista que levou para casa as duas jovens que estiveram com os nadadores naquela madrugada depôs e confirmou a versão, que havia ouvido durante o trajeto, enquanto as mulheres conversavam.
Outra testemunha também foi ouvida pela Polícia. Ela passava pelo posto de gasolina no momento da confusão e, após se oferecer para fazer a tradução da conversa, teria explicado aos nadadores que eles teriam de pagar pelo prejuízo. Os americanos, então, deixaram R$ 100 e US$ 20 em notas para reparar os danos que causaram.
O que pode acontecer com eles?
Os nadadores poderão responder por deliberadamente causar danos ao estabelecimento e também por falsa comunicação de crime. As penas são, respectivamente, de um a seis meses de detenção ou multa para cada uma das infrações.
Além de Bentz e Conger, James Feigen também está no Brasil ainda e deve prestar depoimento. Ryan Lochte já havia retornado aos Estados Unidos quando a polêmica se desenrolou.
Assalto inventado por nadadores americanos
Cronograma de acontecimentos
O vídeo divulgado pelo G1 mostra cada passo dos nadadores, da saída para a festa até o retorno à Vila Olímpica:
Domingo
À 1h47, eles chegam à festa na Casa da França, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro
Às 5h47, os nadadores deixam o local
Às 6h56, as câmeras da Vila Olímpica registram a chegada dos atletas.
À noite, Ryan Lochte publicou em seu Instagram uma mensagem tranquilizando seus fãs e familiares por ter escapado “ileso” do suposto assalto.
Feigen e Lochte prestaram depoimento na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat), confirmando a versão do suposto roubo à mão armada. Os outros dois atletas não quiseram prestar depoimento.
https://www.instagram.com/p/BJGuJ_kBh8P/?taken-by=ryanlochte
“Quero agradecer a todos da minha família, meus amigos e fãs pelo massivo apoio e preocupação que recebi hoje. É verdade que meus parceiros de delegação e eu fomos vítimas de um assalto neste domingo mais cedo, mas o mais importante é que estamos seguros e ilesos. Estou honrado de ter representado os EUA no Rio e ter ganhado o ouro para o meu país. Espero voltar para casa para começar a projetar os detalhes do meu futuro, de olho na Olimpíada de Tóquio, em 2020”.
https://www.instagram.com/p/BIk1vdqh2bs/
Terça-feira
De acordo com informações da ESPN, na noite de terça-feira, Lochte modificou alguns detalhes do assalto em entrevista a rede americana de TV NBC. Ele afirmou que a abordagem não teria acontecido quando voltavam de táxi para a Vila Olímpica, mas em um posto de gasolina.
Neste dia, Lochte já havia retornado aos Estados Unidos, mas seus companheiros Bentz, Conger e Feigen permaneciam no Brasil. Os dois primeiros ainda estavam hospedados na Vila Olímpica, enquanto Feigen foi para um hotel.
Quarta-feira
O caso ganhou proporções na esfera judicial. A juíza Keyla Blanc De Cnop, do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, do Tribunal da Justiça do Rio de Janeiro, determinou a expedição de mandados de busca e apreensão dos passaportes dos nadadores americanos Ryan Lochte e James Feigen, mas o primeiro já estava em solo americano.
A juíza apontou contradições no comportamento dos nadadores ao chegarem na Vila Olímpica.
“Percebe-se que as supostas vítimas chegaram com suas integridades físicas e psicológicas inabaladas, fazendo, inclusive, brincadeiras uns com os outros”, afirmou, com base nos registros das câmeras de segurança da Vila.

De noite, Gunnar Bentz e Jack Conger tentaram embarcar no Aeroporto Tom Jobim para voltar para casa, mas foram retirados do avião pela polícia. Eles foram levados para prestar depoimento, mas permaneceram calados.
Quinta-feira
Foram divulgados os detalhes do depoimento dos seguranças do posto de gasolina. As imagens das câmeras de monitoramento foram fundamentais para que os investigadores refizessem os passos dos nadadores.
Gunnar Bentz e Jack Conger confessaram terem inventado a história do assalto. Os quatro nadadores podem ser indiciados por falsa comunicação de crime e dano ao patrimônio.
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