Como o ciclone Debbie é capaz de atingir 262 km/h e o que essa força pode destruir?

*Matéria publicada em 28 de março de 2017 e atualizada em 6 de abril

O ciclone Debbie devastou a costa oeste da Austrália, no estado de Queensland, nesta terça-feira (28) por volta das 12h do horário local (23h da segunda-feira em horário de Brasília), deixando mais de 30 mil pessoas desabrigadas e outras 48 mil sem eletricidade. Na quinta-feia, (6), o ciclone ainda estava causando estragos. Dessa vez, 40 mil pessoas ficaram desabrigadas devido a uma inundação na Nova Zelândia. 

Mas, afinal, como é possível que ventos cheguem a velocidades tão grandes a ponto de causar destruições e devastar cidades? Entenda o que acontece.”

O que é e como se forma um ciclone

Na Austrália, Indonésia, Nova Zelândia, Leste da África, região da Índia e Madagascar, devido ao fato de os ventos girarem em sentido horário, o fenômeno de redemoinho atmosférico é chamado de ciclone.

O ciclone nasce sobre as águas quentes do oceano. Funciona assim: o sol aquece a superfície da água do mar, que atinge temperaturas perto de 27 graus. O ar aquecido pela água serve como uma espécie de combustível para que se formem nuvens carregadas de tempestades.

Juntas, as nuvens carregadas de umidade formam um sistema de baixa pressão atmosférica que, segundo a meteorologista consultora do site clima tempo Patrícia Madeira , “são grandes redemoinhos que começam a girar cada vez mais rápido sobre o oceano, indicando a formação de um ciclone”.

Com ventos que chegaram a 262 km/h, o ciclone Debbie atingiu a escala 4, apenas um grau a menos do nível mais perigoso. Com isso, fortes ventos e chuva que vieram do Oceano Índico afetaram diversas cidades, como Bowen, Whitsunday e Mackay, além de famosos pontos turísticos, como a Grande Barreira de Coral.

A primeira-ministra do estado de Queensland pediu que as pessoas permaneçam em ambientes fechados. “Este é um evento sério, e não queremos ver vidas perdidas. Será uma noite difícil”, disse ela à Australian Broadcasting Corporation.

Escalas dos ciclones

Classificado na escala 4, em que os ventos podem chegar de 225 a 279 km/h, ciclones como o Debbie têm grande potencial destrutivo, “causando danos estruturais a coberturas e construções e falhas generalizadas, como corte de energia”, como explica o Instituto Australiano de Meteorologia.

A escala de 1 a 5 dos ciclones é adotada na Austrália. A partir da escala 3, considerada “muito perigosa”, especialistas costumam classificar o fenômeno de furacão.

O ciclone Debbie foi o mais devastador a abater Queensland desde o ciclone Yasi, que chegou à intensidade máxima 5 em 2011. Na época, a primeira-ministra Julia Gillard disse que se tratava do “pior ciclone que nosso país já viu”.

As autoridades australianas ainda não avaliaram o total impacto do ciclone. Meteorologistas locais, porém, disseram que os ventos devem continuar fortes até quarta-feira (29).

Ciclone Debbie: perigos

O nordeste da Austrália é uma das regiões mais propensas a ter ciclone em todo o mundo. Por conta disso, o Australian Bureau of Meteorology (Escritório Australiano de Meteorologia) é um dos institutos mais preparados para lidar com situações como a do ciclone Debbie.

Além do impacto inicial, o ciclone Debbie pode continuar causando problemas. “É um sistema muito grande, que se move devagar”, explicou ao jornal New York Times John Fowler, porta-voz da empresa estatal que fornece energia à Queensland. “Ele está levando seu tempo, então quanto mais demorar, mais danos ele vai causar”.

Por conta da diminuição do tempo dos ventos e tempestades, horas depois de seu início, o ciclone foi rebaixado para a categoria 2, com ventos que podem atingir de 125 a 164 km/h, segundo informações da agência Reuters.

É comum que ciclones diminuam ou aumentem a intensidade com o passar do tempo. Isso não reduz o perigo, já que ele tem força suficiente para danificar casas, derrubar árvores e tornar áreas livres perigosas.

Impactos posteriores

De qualquer forma, é importante ficar atento com os impactos posteriores dos ciclones. Eles podem trazer fortes tempestades, o que representa grande perigo para as regiões costeiras, provocando alagamentos e destruindo ainda mais as áreas já afetadas pelo ciclone.

“O melhor a se fazer é ouvir com atenção as recomendações das autoridades e ficar em alerta máximo”, recomenda o instituto meteorológico.

Tempestades: perigos da meteorologia