Construindo verde > Selo verde

Apesar de o movimento estar ainda começando no Brasil, construir com sustentabilidade já se tornou uma atividade bastante rentável nos Estados Unidos, onde existe um selo que certifica as construções “ecologicamente corretas”. É o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), ou Liderança em Design Energético e Ambiental, concedido pelo U.S. Green Building Council (USGBC) e aceito em todo o país. Edifícios com este certificado são considerados lugares comprovadamente sustentáveis e saudáveis para se viver e trabalhar.

E não é fácil conseguir um selo do USGBC. Os critérios exigidos são divididos em áreas: desenvolvimento local sustentável, uso racional da água, eficiência energética, seleção de materiais e qualidade ambiental interna. Durante todos os processos da obra, profissionais selecionados pelo conselho avaliam o cumprimento dos requisitos e o desempenho do prédio. Ao final são conferidas notas ao empreendimento, que determinarão a sua certificação.

Outros países que possuem “certificações verdes” para suas construções são México, Inglaterra, Japão, África do Sul e França. “Em 78 países, já existem 1.499 prédios certificados pelo USGBC. No Brasil, atualmente estão certificados quatro empreendimentos e outros 75 estão em processo de certificação”, informa Marcos Casado, gerente técnico do Green Building no Brasil.

No Brasil, atualmente estão certificados quatro empreendimentos e outros 75 estão em processo de certificação

A construtora Tishman Speyer espera trazer mais duas certificações LEED para o país, com o Rochaverá Corporate Towers, em São Paulo, e o Ventura Corporate Towers, no Rio de Janeiro, ambos em construção e seguindo as exigências do Conselho Americano de Green Building: reaproveitamento da água da chuva, sistema próprio de geração de energia elétrica, elevadores inteligentes etc. No Rio de Janeiro, os edifícios que possuem o LEED são: o CENPES, centro de pesquisas da Petrobras na Ilha do Fundão; o Colégio Cruzeiro de Jacarepaguá, e a Torre Vargas, no Centro.

Uma boa notícia é que, em breve, poderemos ter uma adaptação bem brasileira do certificado, ajudando construtoras e incorporadoras nacionais na preservação da natureza. Segundo Marcos Casado, a certificação LEED já está sendo adaptada ao mercado brasileiro. “Não é necessário reinventarmos a roda, apenas ajustá-la às nossas necessidades e particularidades”, conclui.

Ambiente protegido por lei

Pouca gente sabe, mas alguns estados, como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, possuem leis que determinam a obrigatoriedade de certas instalações que priorizem o máximo aproveitamento dos recursos naturais. No município de São Paulo, por exemplo, o decreto nº 49.148, de janeiro de 2008, que regulamenta a Lei 14.459, exige que as novas construções possuam um sistema de aquecimento de água por energia solar.

De acordo com Marcos Casado, uma das principais exigências que têm recaído sobre os administradores condominiais atualmente é trazer para seus clientes práticas como a eficiência energética e uso racional da água, que proporcionarão redução dos custos operacionais. “Também são valorizados os melhores métodos possíveis de manutenção e operação, que implicarão em aumento de produtividade dos ocupantes destes empreendimentos. Tudo isso é alcançado com as práticas de Green Building“, afirma.

Ele ressalta, porém, que tais práticas não reduzem os custos das construções. “Na verdade, elas custarão entre 5% e 10% a mais. As reduções ocorrerão durante a operação dos empreendimentos, chegando a 85% dos custos de um empreendimento tradicional em todo o seu ciclo de vida. As técnicas utilizadas para isso são de eficiência energética, uso racional da água, materiais e recursos sustentáveis, qualidade ambiental interna e premissas de operação predial”, complementa Casado.