Você já deve ter escutado isso um milhão de vezes, mas não custa ouvir de novo: com a globalização, é cada vez mais importante saber outros idiomas e conhecer outras culturas. Tá legal, isso você já está careca de saber. Mas que tal unir o útil ao agradável numa experiência 3 em 1: viajar para o exterior, aprender outro idioma e, de quebra, estagiar numa empresa estrangeira? Esse pode ser um bom diferencial para o seu currículo, na hora de um processo de seleção.
O bioquímico de alimentos Alexandre de Souza Carvalho, da Kraft Lacta, uma das empresas do Grupo Philip Morris, foi para a Alemanha em 1997, participando de um programa que juntava o estudo da língua e trabalho. “Eu estava cursando Farmácia Bioquímica e decidi passar dois meses estudando alemão e estagiando numa multinacional. Fiz o programa da IAEST e arranjei estágio num instituto ligado a Schering”, conta ele. O programa acabou e Alexandre foi convidado para ficar mais dois meses no instituto alemão. De lá, recebeu propostas para estagiar na Itália e na Bélgica. Ele, que foi com a idéia de ficar dois meses, acabou passando mais de um ano na Europa. A temporada rendeu ótimos frutos para o bioquímico. “Antes de eu viajar, eu mandava currículos e só recebia resposta depois de algumas semanas. Quando voltei para o Brasil, tive uma resposta positiva dez minutos depois de mandar meu currículo. Foi impressionante!”, conta Alexandre.
Existem, basicamente, duas formas de você conseguir um lugar num mercado de trabalho estrangeiro: a primeira, e mais fácil, é escolher algum programa (de agências) combinado de aula de idioma e estágio (remunerados ou não); e a segunda é ir na cara-de-pau e tentar a sorte. Segundo a gerente de marketing do Student Travel Bureau, Flávia Mendonça, “além do idioma, o aluno aprende sobre como deve ser seu comportamento nas entrevistas de emprego e participa de alguns processos de seleção”. “Mas, todo o sucesso depende do êxito do candidato. Tivemos um rapaz que fez estágio numa instituição financeira no exterior e a empresa pediu que ele voltasse para trabalhar definitivamente lá”, conta ela. Muitas agências oferecem cursos como esses e os países preferidos são os de língua inglesa, é claro. O advogado João Pedro Vasconcelos, que foi para a terra dos cangurus e não teve uma experiência das melhores, alerta os estudantes na hora de escolher uma agência de intercâmbio. “Eu queria aperfeiçoar meu inglês e trabalhar num escritório de advocacia em Sydney, mas deu tudo errado porque escolhi mal a empresa de intercâmbio. O curso de inglês nem era dos piores, mas me colocaram num escritoriozinho, em que eu sabia mais o Direito do país deles do que eles próprios”, conta João Pedro, revoltado.
A publicitária Paula Lobo, da agência V&S, preferiu tentar a sorte e conseguiu, por conta própria, um estágio numa empresa de marketing americana. “Eu fiz um estágio de três semanas e, como eu já falava bem inglês, aproveitei para conhecer muita gente”, diz ela. A publicitária não tem dúvidas de que essa experiência foi fundamental para sua contratação aqui no Brasil. “Foi um bom diferencial, pois o meu chefe, nos Estados Unidos, me deu uma carta de recomendação, dizendo que eu era muito expansiva”, explica Paula. A assistente de direção de arte Roberta Barros, da Casa de Criação, também teve uma experiência parecida. Ela passou seis meses na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e foi escolhida para fazer estágio nos laboratórios de design e fotografia de lá. “Certamente, o meu estágio nos Estados Unidos pesou muito quando eu voltei e fui procurar emprego. Talvez não o estágio em si, mas sim o fato de eu ter estudado no exterior e ter me destacado entre os americanos”, diz a designer.
Que o currículo fica mais “florido” não há dúvidas, mas é preciso que o estudante tenha em mente o que ele espera do estágio e tenha um plano com objetivos claros, segundo a responsável pela área de consultoria da Ativa RH, Nydia Rocha. Para ela, “o importante é realmente entender o que o estágio vai agregar para o estudante. Independente da questão de ficar bonito no currículo, é necessário que essa experiência traga algum amadurecimento e tenha alguma aplicabilidade prática”. Já para Claudia Gargione, da equipe de recrutamento da Motorola, “ter uma vivência no exterior é sempre positiva, principalmente porque ela traz a possibilidade de aperfeiçoar o idioma”. Ela diz que na Motorola cerca de 80% dos profissionais de telecomunicações já fizeram intercâmbio em outros países. A consultora de recursos humanos Sandra Luz concorda: “Acho que essa é uma boa forma de aprender línguas, conhecer pessoas e ver como se trabalha em outros lugares. Acho que é sempre enriquecedor”.
O engenheiro químico e executivo José Antônio de Melo viveu os dois lados da moeda: o de estagiário e o de empregador. Ele fez estágios na França, na Colômbia e no Canadá e garante que, há 30 anos atrás, ter uma experiência como essa abria portas no Brasil. “Hoje em dia, como contratador, eu não acho que isso faça tanta diferença. Na minha área, o Brasil está no mesmo nível de qualquer outro país. O que importa é o que o candidato pode oferecer, para a empresa, como pessoa”, diz José Antônio. Ele garante, no entanto, que “os brasileiros são adorados no exterior porque têm uma imensa capacidade de resolver problemas, dando um jeitinho aqui e ali. Sabem improvisar como ninguém”.
Se podemos ensinar a arte da improvisação aos gringos, eles também têm o que nos mostrar. O redator publicitário Pedro Prado, que estagiou durante dois meses em um jornal da Purdue University, nos Estados Unidos, diz que “a experiência de trabalhar com americanos é ímpar, porque eles sabem ganhar dinheiro”. Ele vendia espaços publicitários no jornal e, de quebra, ainda fazia uns anúncios. “Foi ótimo porque eu descobri que o que eu queria mesmo era ser redator de publicidade e que odiava vendas”, conta ele.
Conselhos de quem fez
Alexandre de Souza Carvalho – bioquímico: “É importante ter em mente que é você quem tem que se adaptar aos estrangeiros e não eles a você. Também é importante conhecer bem a língua e um pouco da cultura do lugar. Eu aconselho que se vá enquanto ainda se está na faculdade, pois depois você já pode engrenar num bom trabalho.”
Paula Lobo – publicitária: “Como eu fui por conta própria, não tinha um programa estabelecido para seguir na empresa. Se eu tivesse um plano de atividades teria aproveitado mais. Mas como experiência de vida é fantástico!”
Roberta Barros – designer: “Eu não era remunerada, mas tinha acesso total aos computadores da Universidade. Foi ótimo.”
Pedro Prado – redator publicitário: “Eu acho que trabalhar é a melhor forma de aprender uma língua. E a experiência de trabalhar com americanos é ímpar, porque eles sabem ganhar dinheiro. Eu sugiro que, quem está querendo juntar uma grana, vá trabalhar durante o período de férias na Disney. Ganha-se muito bem e aprende-se bastante”.
João Pedro Vasconcelos – advogado: “Embora eu tenha me decepcionado com a agência, não me arrependo de ter ido. Hoje, eu teria sido mais criterioso na escolha da empresa de intercâmbio. A melhor dica é: fale com quem já foi, pois só essas pessoas sabem da competência da agência.”
Agradecimentos:
STB – www.stb.com.br
(11) 3038-1512
Central de Intercâmbios – www.ci.com.br
(11) 3677-3600,
(21) 512 – 6171 / 599 – 7280
IED– www.ied.com.br
(21) 512-6285
The British Council – Rio de Janeiro
(21) 543-1253
Motorola – www.motorola.com.br
Ativa RH – www.ativarh.com.br
(11) 3044-1542/1543