EUA sofrem três atentados terroristas no mesmo dia; Brasileiros contam o que viram

por | set 19, 2016 | Notícias

*Colaborou Tiago Ferreira

Seis dias após o mundo inteiro relembrar o  atentado de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos reviveram uma onda de medo e terror. No sábado (17), três ataques em diferentes cidades norte-americanas chocaram a população e as autoridades.

O suspeito de duas ações, em Nova Jersey e em Nova York, foi preso pelo FBI. É o afegão naturalizado norte-americano Ahmad Khan Rahami, 28 anos, que teria conexão com o bombardeio.

As três ações aconteceram em menos de 24 horas. Em Nova Jersey, a explosão de um artefato no trajeto de uma corrida de rua fez com que o evento fosse cancelado. Ninguém ficou ferido.

Em Nova York, uma bomba caseira colocada em uma lixeira deixou 29 feridos, na rua 23, entre as 6ª e 7ª avenidas. 

No final do dia, em Minnesota, um homem esfaqueou nove pessoas em um shopping. Este último ato foi reivindicado pelo Estado Islâmico, que já teve mais de 15 atentados organizados ou inspirados em vários países. Antes do ataque, ele teria falado em nome de Alá e perguntado a uma pessoa se ela era muçulmana. 

Os policiais dos Estados Unidos confirmaram que os ataques podem ter ligações com grupos extremistas internacionais, mas não há confirmação de autoria. O fato é que a repetição de atentados terroristas em locais de grande movimentação e em vários países ao redor do mundo desperta o medo tanto de moradores locais quanto de turistas.

Como se sente quem passa por um atentado ou vive o terror de se sentir inseguro em um lugar? Como fica a vida de quem esteve perto de um incidente desse tipo? Abaixo, trazemos relatos e registros de brasileiros que presenciaram ou estiverem bem perto de ataques, explosões e ações terroristas, além do que se sabe até agora sobre os ataques mais recentes nos Estados Unidos. 

Atentados terroristas nos Estados Unidos

Primeiro ataque

O primeiro ataque foi feito com uma bomba improvisada colocada em uma lixeira em Nova Jersey, na manhã de sábado (17). A lixeira ficava próxima a um ponto de percurso de uma corrida de rua, que foi cancelada por conta do ocorrido. Mesmo sendo de pequena proporção e sem vítimas, a explosão gerou lembranças tristes do atentado na Maratona de Boston, em 2013, em que três pessoas morreram e 260 ficaram feridas. 

Segundo ataque

No mesmo dia, em Nova York, uma bomba também deixada numa lixeira feriu 29 pessoas. A bomba foi feita com uma panela de pressão, luzes pisca-pisca e celulares ligados a um componente explosivo. O atentado foi o que teve mais vítimas e aconteceu no bairro Chelsea, em Manhattan, conhecido por galerias de arte, lojas, bares e agitação cultural. Outra bomba foi encontrada a poucas quadras da primeira e desativada pela polícia. 

Ahmad Khan Rahami foi associado às duas ocorrências e já foi capturado pelo FBI em Nova Jersey.

Relatos de quem estava nas ruas durante a explosão apontam o “caos” que se tornou a cidade e dificuldade, inclusive, para achar um táxi à disposição. 

Nesta segunda-feira pós-atentado, o jornalista Felippe Coaglio publicou em seu Twitter uma foto que mostra o trânsito em Nova York. “População com receio de andar de metrô após as bombas do final de semana”, compartilhou na rede social.

Um contingente de dez mil agentes de segurança estará nas ruas de Nova York nos próximos dias. Em discurso, o presidente Barack Obama disse que o terrorismo “nunca nos derrotará” e que os norte-americanos “jamais se renderão ao medo”.

O nova-iorquino Graham Mills, que mora próximo ao local do ataque, contou ao jornal The New York Times (em inglês) que estava assistindo televisão com a mulher e ouviu um barulho “que só podia ser de bomba”.  “Fora, já víamos fumaça e sentíamos um cheiro de fogos de artifício e pólvora no ar”.

Brasileiro estava próximo ao ataque

O jornalista musical Marcelo Costa, 46 anos, que mora em São Paulo, estava em um show na região de Webster, a dez quadras abaixo de Chelsea, local das explosões.

Marcelo contou ao Vix que soube do atentado quando estava na terceira música do show. Depois de ter uma ideia do que houve, ele disse que focou no show e continuou. “O terrorismo e a violência estão muito perto da gente”, analisou. “Mas é horrível você ver uma casa lotada, um show lindo, pessoas se divertindo pela música, e ao mesmo tempo ser tudo tão frágil. A vida é muito frágil”.

Muitas pessoas trocavam mensagens pelo celular atrás de mais informações, conta o jornalista. “Quando saí do show, já estava sabendo que a área de Chelsea estava fechada”.

Apesar do clima de apreensão na cidade, Marcelo disse que vai continuar aproveitando a viagem de lazer. Ele retorna ao Brasil na quarta-feira (21) e diz que “não dá pra descansar”. “Tem que enfrentar de frente, não pode baixar a cabeça. Senão eu estaria dando ao terrorismo o motivo que eles querem para fazer o que fazem”.

Terceiro ataque

Em Minnesota, um homem identificado como soldado do Estado Islâmico (EI) esfaqueou nove pessoas em um shopping em St.Cloud. O grupo extremista logo reivindicou a autoria do atentado. Segundo o jornal St.Cloud Times (em inglês), o agressor era o estudante Dahir Adan, de 22 anos, um “lobo solitário” do grupo extremista, que segue a ideologia, mas atua sozinho. Ele foi morto por um policial fora de serviço. 

Pós-atentado: como fica a vida de quem sofreu o trauma

Getty Images

Infelizmente, os  ataques terroristas internacionais têm acontecido com frequência no mundo. Só neste ano foram 1.287 ataques com 10.957 vítimas segundo este mapa interativo, desenvolvido pela Esri (empresa que produz sistemas de informações geográficas), que mostra a extensão dos eventos terroristas que foram registrados. Os números, é claro, despertam o medo de autoridades governamentais e da população, principalmente durante a realização de megaeventos, como as Olimpíadas, festas e corridas de rua.

Em julho deste ano, o horror foi vivenciado na festa de comemoração do Dia da Queda da Bastilha, em Nice, na França, pela relações-públicas brasileira Melissa Panteliou. Ela estava exatamente na hora em que um caminhão invadiu a festa e matou 84 pessoas, atropelando-as. A foto acima mostra as homenagens que os moradores da cidade fizeram às vítimas.

Segundo Melissa, foram momentos de medo e insegurança. “O caminhão passou por mim. E eu cheguei a cair, mas não fui pisoteada. As pessoas começaram a correr e a gritar. Eu e minhas amigas nos escondemos em um lobby de hotel, mas uma delas, que é belga, falou que ali seria mais perigoso, porque hotéis podem ser mais visados para um massacre”, revelou ao Vix. “Então, fomos para a casa de uma senhora, que nos abrigou e dormimos por lá”.

Ela conta que, no dia seguinte, ficou impressionada com a rapidez com que a vida tinha voltado ao normal para os franceses. “As pessoas estavam saindo da padaria, o comércio estava aberto”, conta. “Apesar disso, tinham muitos policiais na rua e algumas ruas no entorno estavam isoladas”. 

Ela conta que apesar do clima de normalidade, foram realizados plantões de atendimento psicológico na cidade para, inclusive, desafogar os hospitais. 

“Quando eu voltei ao Brasil, três dias depois, ainda tinham muitos policiais no aeroporto. Eu sentia muito medo, fiquei sem dormir vários dias e só consegui dormir quando cheguei no Brasil”. A autoria desse massacre também foi reivindicada pelo EI.

Terrorismo ao redor do mundo