Satisfação pessoal X retorno financeiro

Se o objetivo com a publicação da obra é ter ascensão financeira, o caminho será longo. Segundo a assistente editorial Aline Vieira, nenhum autor deve publicar com a ilusão de ter lucro. “Hoje, o maior retorno financeiro ocorre com autores que tornam-se marcas, com um forte e coerente plano de marketing; o que garante o constante estímulo do público-alvo em adquirir suas obras”, ressalta.

O consultor literário Ricardo Kelmer concorda e aponta um consolo. “A maioria dos autores não tem bom retorno financeiro com seus livros. Mas eles podem ajudar a carreira e satisfazer em outros aspectos pessoais”, diz. Já é um bom começo. E quando uma ação leva à outra, o resultado pode ser melhor. “São muitos os casos de autores que fazem palestras, e nelas eles vendem seus livros. O simples fato de existir o livro os ajuda a fazer mais palestras, e o ciclo virtuoso está fechado”, explica Pedro Drummond.

Escrever para crianças acabou tornando-se um grande desafio. Encontrar com os pequenos depois dos lançamentos dos livros é sempre uma grande alegria. E ver os personagens que inventamos tomarem vida em cima do palco foi a realização de um sonho, acredite, que jamais tivemos

Para os jornalistas Roberta Salomone e Vinicius Dônola, o livro “O Oco do Toco” nasceu sem pretensão alguma. “Escrever com o Vinicius começou como uma brincadeira, que rapidamente tornou-se séria quando descobrimos que estávamos indo longe com nossa imaginação ao criarmos os personagens”, diz Roberta. Os dois decidiram continuar criando e, de quebra, ficaram bastante realizados com o resultado. As histórias – já existem dois volumes publicados pela Editora Globo – que tratam de questões ambientais, saíram das prateleiras e invadiram o teatro. “Escrever para crianças acabou tornando-se um grande desafio. Encontrar com os pequenos depois dos lançamentos dos livros é sempre uma grande alegria. E ver os personagens que inventamos tomarem vida em cima do palco foi a realização de um sonho, acredite, que jamais tivemos”, ressalta a jornalista.

Então, não há nada que nos faça pensar o contrário: só escritores consagrados escrevem para ganhar dinheiro. Os novatos escrevem como forma de se expressar. À princípio, o objetivo deve ser esse mesmo: ser lido. Então, as cifras ficam para depois, até porque a tiragem é definida pela editora e, normalmente, autores iniciantes têm tiragens pequenas, de 500 a mil exemplares. No entanto, se a obra agradar, novas edições são lançadas, com tiragens um pouco maiores. Se o autor publicar de forma independente, é aconselhável começar com tiragens baixas, conforme explica Ricardo Kelmer. “Entre cem e quinhentos exemplares é o ideal. Um professor de cursinho pré-vestibular, por exemplo, pode naturalmente arriscar tiragens maiores pois seu público-leitor potencial estará sempre próximo a ele e, além disso, se renovando a cada ano”, aconselha.