Vida de médica > Lidando com a morte

Um dos momentos mais difíceis da medicina é a hora de lidar com a perda de um paciente. As três entrevistadas contestam a idéia de que todo médico é uma pessoa fria. “Não tem como você se desumanizar. Mas é preciso não perder o equilíbrio emocional. A gente sabe que é um processo biológico, mas tem uma dose de frustração sim”, reconhece a hematologista Andreza Jucá. “Entretanto, você tem que estar firme, pois temos que fazer todos os procedimentos legais envolvidos que também é tarefa para o médico”, relembra.

Lidando com pessoas idosas diariamente, a geriatra Karla Lacerda diz que não é possível se acostumar com a morte. “Você cria um vínculo muito grande com um paciente. Quando fazemos um diagnóstico, tratamos e curamos é uma alegria imensa. Mas quando não conseguimos, dá uma sensação de impotência muito grande. A gente fica pensando o que mais poderíamos ter feito para que aquilo não acontecesse. Não há como se acostumar com a morte”, sentencia.

“Sempre me emociono, mas de uma maneira controlada e equilibrada”, afirma a cardiologista Carmem Rodrigues, que trabalha há 16 anos em centro de terapia intensiva. Porém, quando constata que a morte foi causada por negligência do paciente com a saúde, a responsabilidade da profissão decai sobre ela. “É nesse momento que você percebe o quanto é importante. Quando se vê a morte de perto é da nossa obrigação passar isso para frente e alertar as pessoas. Isso é o mais bonito da profissão”, finaliza.