João Vicente, nascido em 2011, e Maria Antônia, em 2015, são filhos de um dos casais de atores mais famosos do Brasil: Lázaro Ramos e Tais Araújo.
Para muita gente, os famosos formam uma família inspiradora ao lado dos pequenos e são fortes exemplos de representatividade, principalmente por dividirem com o público reflexões sobre racismo, relacionamento, entre outras.
Recentemente, Lázaro lançou o livro “Na minha pele” que, de maneira sensível e bem próxima ao leitor, aborda, entre outros temas, as preocupações sobre como criar os filhos, que raramente aparecem em eventos públicos ou fotos.
Para enriquecer ainda mais o relato, pai, ator, filho, apresentador e tantos outros papéis que fazem parte de Lázaro se intercalam entre os capítulos do livro, que traz cinco lições inspiradoras que todo pai deve ler sobre a importância na formação de filhos em um mundo que nem sempre será justo ou bonito.
Lázaro fala sobre criação dos filhos: 5 lições inspiradoras
Viver a afetividade plenamente
Para Lázaro, a afetividade traz autoestima e conforto para que as crianças cresçam sabendo que são amadas e respeitadas – um desafio grande para muitas famílias, principalmente negras, que criam uma espécie de “amor embrutecido”, como analisa o ator.
Essa afetividade restrita se torna um mecanismo de defesa, para garantir que os filhos estejam preparados para o mundo. “Eu me policio a cada dia para criar meus filhos com mais toque, com mais afeto e com mais consciência”.
Ensinar aos filhos que eles são amados e precisam se cuidar
Lázaro divide com seus leitores uma técnica que desenvolveu com a parceira, Taís Araújo, para que seus filhos entendam e respeitem seus próprios corpos. É um jeito poderoso de valorizar a identidade e as peculiaridades de cada um.
O casal repete a frase “Meu/Minha filho/filha, você é dono/dona do seu corpo. Meu/Minha filho/filha, cuide do seu corpo”, dizendo “te amo” a cada vírgula das frases.
É preciso ajudar a construir a identidade
Nem sempre as crianças negras tiveram produtos que os representassem. O entretenimento e as relações pessoais normatizam o fato de as bonecas e os protagonistas de desenho animado serem sempre brancos, por exemplo.
Em seu livro, Lázaro destaca que se preocupa em oferecer brinquedos que representem seus filhos e, de certa forma, comemora o surgimento de novas referências negras nos produtos culturais.
“Meu filho nasceu depois de Karatê Kid (2010), a versão que traz Jaden Smith no papel principal (…), o Homem-Aranha Negro da Marvel (2015); Doutora Brinquedos (2012-2014)”, escreve. “Hoje também existem bonecas negras e vários livros infantis que contemplam a cultura negra. Isso é um alívio”.
É preciso afirmar com frequência a identidade das crianças negras, como acontece com a pequena Titi, filha dos atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, que tem uma coleção de bonecas negras.
Nem sempre os pais têm todas as respostas
Assumir que não há receita de bolo para ensinar o significado subjetivo da vida aos filhos é um dos importantes e desafiadores sentimentos de quem faz o papel de pai.
É o que Lázaro explica no capítulo “Quando fiquei sem respostas”, ao citar uma situação de racismo que presenciou ao lado do filho.
O ator relembra um dia em que passeava com João, então com quatro anos, pela Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro.
Os dois viram “dois adolescentes negros altos, magros e sorridentes” deitados no gramado e conversando. “Olha, pai, que delícia, eles ali curtindo a natureza”, disse o menino, como conta Lázaro.
Momentos depois, os jovens estavam sendo revistados por policiais e, ao avistar a cena, o menino perguntou se eles estavam brincando.
“Meu peito apertou com a inocência do meu João. Não soube o que dizer. (…) Daqui a alguns anos, ele pode passar exatamente pelo mesmo constrangimento apenas por ser negro”.
O que fazer para melhorar o futuro que deixamos para eles
Lázaro propõe um olhar mais certeiro sobre o futuro que nós estamos criando para as crianças e as noções de igualdade e justiça compartilhadas pela sociedade.
Diante de episódios de racismo frequentes, o ator considera que pais de crianças negras devem estar atentos à “busca do autoconhecimento e do equilíbrio” de seus filhos.
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