Ai, que saia apertada!

Ninguém está livre de abrir a boca ou de tomar alguma atitude – às vezes até com boa intenção – e ficar com uma tremenda cara grande. Nessas horas, tudo o que desejamos é um bom buraco quentinho e macio para recolher o semblante sem-graça. E as gafes são mesmo assim: surgem onde menos esperamos encontrá-las ou cometê-las. Só que diante do inevitável, muita gente tenta não perder o rebolado, mesmo que a saia em que se meteram tenha o manequim muitos números abaixo.

Apenas tentando ser uma criatura amável e educada, acabamos ganhando em troca a raiva e a incompreensão alheia. Tudo bem que o comentário pode não ter soado lá muito feliz aos ouvidos de quem se destinava, mas as gafes acontecem nas melhores famílias. A jornalista Fernanda Barros, querendo ser gentil com uma colega de trabalho da sua mãe, quase ganhou uma inimiga. “Eu perguntei para quando era o neném que ela esperava. Só que a mulher não estava grávida, e sim gorda. Foi constrangedor… eu tentava disfarçar dizendo que devia estar confundindo ela com outra pessoa, falando coisas do tipo “não tem uma moça muito parecida com você aqui?”. Claro que ela percebeu, e respondeu que estava gordinha, mas também não era assim”, conta Fernanda.

Outras vezes, a indignação é tanta que nos deixa cegos ao ponto de nem reparar o tamanho da saia que estamos prestes a vestir. O professor de biologia Armando Barbosa lembra que uma vez chegou bufando em sala de aula, louco pra receber explicações a respeito da prova de um certo engraçadinho. “Quando fui distribuir as provas comentei que não tinha corrigido uma, pois o sujeito a fez de caneta vermelha e ainda por cima não assinou. Conforme fui entregando, passava os olhos pela tal prova, que foi me parecendo familiar. Afinal, não se tratava de uma prova, era simplesmente o gabarito dela feito por mim!”, revela ele, que entregou  o restante das provas e disfarçou o equívoco como pôde. “Tive que dizer que devia ser de outra turma e que o tal aluno iria levar um zero”, diz ele.

Só que nem sempre se consegue remendar um soneto mal declamado, como tentou a empresária Camille Marques ao se dar conta da gafe que tinha acabado de cometer.  “Estava numa festa dançando com meu namorado e um amigo dele. Toda hora passava uma mulher por ele e parava para falar alguma coisa, até que eu lá pelas tantas virei pro meu namorado enraivecida e disse na frente do amigo dele: “Pedro, o que tanto essa baranga quer com você?”. Ele me olhou todo sem graça falando que ela era irmã do amigo que estava com a gente! Foi horrível, não tinha palavras pra consertar, fiquei com a maior vergonha e só me restou pedir desculpas”, lembra Camille.

Em algumas situações, o mico toma proporções de grandes primatas, e, nesse caso, a única solução talvez seja encará-lo, no óleo de peróba e na coragem. “Eu tinha acabado de fazer uma plástica nos seios, e estava no trabalho escrevendo do meu e-mail pessoal para uma amiga impressões sobre a minha vida de peito novo. Comentava que eles estavam apontando para o céu, que estavam botando os da Viviane Araújo no chinelo e que queria mostrá-los para todo mundo, ou seja, um monte de sacanagem!”, lembra a administradora de empresas Marina Lemos. Só que com essas coisas de tecnologia não se brinca, e o e-mail acabou indo parar nas mãos de um cliente do escritório como se fosse do e-mail da empresa. ” O cliente escreveu dizendo que não estava entendendo a história, e porque as  minhas chefes queriam me apresentar pra ele? A sorte é que fui eu também que li a resposta. Liguei pra ele desesperada tentando explicar que foi um mal-entendido e pedi pra isso ficar entre nós, que eu era estagiária e poderia ser mandada embora. Ele acabou não dizendo nada, mas fiquei com uma vergonha danada do conteúdo da mensagem”, revela Marina.

As gafes são, sem dúvida, constrangedoras para quem as comete, só que isso não atenua a revolta de suas vítimas. “Eu estava esperando o elevador do meu prédio junto com um casal. Quando o elevador chegou, saltou um bando de meninos falando alto e brincando, coisa normal da idade deles. Entramos, e a mulher soltou a pérola pra mim: “Nossa! Que mães são essas que não dão educação pros filhos?!”. Eu olhei bem na cara dela e respondi: “dá sim, a mesma que eu recebo, porque um deles é meu irmão”. Começou então a maior discussão, a mulher não pediu desculpas e continuou a falar besteiras. Eles tinham acabado de se mudar e ganharam de cara a antipatia da vizinhança, porque eu não poupei detalhes às outras mães do incidente”, conta a arquiteta Bruna Vargas.

A professora de etiqueta Christine Yufon aconselha que a melhor maneira de se despir dessas peças com manequim inferior é fingindo que nem percebeu o equívoco. “Pedir desculpas pode salientar mais ainda a gafe. O melhor é fingir que não aconteceu nada, afinal, ninguém está livre de cometer erros. O que devemos fazer é aprender com eles para tentar não repetir”, diz Christine. Portanto, se a saia que você vestiu for apertada demais, tome bastante cuidado para não arrebentar a etiqueta!