Bebida e direção nunca podem andar juntas

Alalaô, mas que calor! Atrás do bloco, um suadouro danado e aquela bebidinha para refrescar parece irresistível. Se você está dirigindo e tem amor à vida, vá de água. Mas se a caipirinha for mais forte do que você, a recomendação é fugir do volante. O mesmo vale para quem vai viajar. Para pegar a estrada, todos os sentidos em alerta são necessários. Qualquer mililitro que altere a sua atenção é sinal vermelho.

Nessa linha, a Operação Lei Seca, uma das iniciativas mais bem-sucedidas no Brasil, promete trazer segurança aos foliões ao organizar uma força-tarefa em busca de motoristas embriagados. Se você não quer que o seu carnaval termine mais cedo, pequenas precauções podem lhe trazer dias inesquecíveis.

A operação, criada em 2009, consiste em um esquema de fiscalização especializada em favor da nova Lei do Código Nacional de Trânsito, sancionada em 2008, que proíbe os motoristas de trafegarem após o consumo de qualquer bebida alcoólica, de qualquer natureza e em qualquer quantidade. Na prática, uma trufa de rum e uma dose de uísque estão igualmente proibidas, e são consideradas infrações gravíssimas.  Os agentes atuam em blitzes localizadas em pontos estratégicos, nas vias com maiores índices de acidentes, abordando os motoristas e fazendo o testes do bafômetro, o medidor do nível de alcoolemia no sangue.

No Rio de Janeiro, onde a Lei Seca é considerada um case de gestão, a operação para a folia incluirá sete equipes realizando blitzes em diversos locais da cidade, da Região Metropolitana e da Baixada Fluminense. Além disso, voluntários cadeirantes, todos vítimas de acidentes automobilísticos consequentes da mistura de álcool e direção, estarão nas ruas, bares e restaurantes distribuindo folders educativos.

Por isso, se você pretende curtir a folia com segurança, deixe que só os blocos saiam pelas avenidas motorizados e busque outras alternativas. Segundo o Major Marco Andrade, coordenador da Lei Seca no Rio, cariocas e fluminenses já estão mudando a sua rotina. “O cidadão passou a encarar a Lei Seca como parte do dia a dia da cidade. Sabendo que existe uma fiscalização, as pessoas criaram formas seguras de aproveitar a noite e dirigir, como passar a usar táxi ou escolher, entre os amigos, aquele que ficará responsável pelo volante e, por conseguinte, não poderá ingerir bebida”, assegura.

A estudante Ericka Reis, de 27 anos, é uma dessas novas cidadãs conscientes. Ela garante que vai curtir tudo o que puder neste carnaval, mas sem colocar em risco a sua vida. Ou a de seus amigos.  “Se eu sair de casa de carro, é porque não pretendo beber. Mas, se colocar qualquer gota de álcool na boca, vou dormir na casa de alguém que more perto ou deixar o carro por lá mesmo e ir embora de ônibus ou táxi. O carro é o de menos, eu pego no dia seguinte”, ensina a foliã.

Já Renata Menezes, de 31 anos, preferiu este ano pegar um avião para um dos destinos mais cobiçados dentro do país: Fernando de Noronha. A professora de educação física, no entanto, conta que já passou muitos carnavais na Região dos Lagos, trajeto que sempre realizou de carro. “Viajar alterado nada mais é do que ignorância. Em Búzios mesmo, tento fazer as coisas a pé ou procuro transportes alternativos. No caso de pegarmos no volante, só saímos de casa quando decidimos quem é que não vai beber”, assegura.

A abordagem aos motoristas não distingue sexo nem idade, assegura o Major Marco Andrade. “Nós fazemos abordagens irrestrita a todos os condutores”, diz ele, esclarecendo que o percentual de mulheres embriagadas ao volante é praticamente igual ao masculino. “Existem mais casos de homens, porque temos mais homens na direção do que mulheres. Mas, percentualmente, o índice é o mesmo”, esclarece.

EXEMPLOS PARA OUTROS ESTADOS

Estima-se que, desde a sua criação, a Lei Seca tenha salvo mais de 5.200 vidas. A queda acentuada dos índices de acidentes por conta da Operação Lei Seca tem chamado a atenção dos governos dos outros estados do país. A Lei Federal passou a vigorar nacionalmente, mas o Estado do Rio de Janeiro, segundo levantamento da Secretaria de Governo, foi o que apresentou o maior índice de queda com o apoio da sociedade ao projeto.

Segundo Andrade, o case de sucesso tem levado comitivas de outros estados a acompanhar o passo a passo da operação. “A Lei Seca passou a ser um modelo de gestão, que tem sido adaptado para outros estados da federação pelos seus respectivos governos. Neste último mês, por exemplo, recebemos a visita de comitivas dos governo de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, que vieram acompanhar o andamento e o procedimento da medida”, conta o Major.