Bolhas, tiros e minhocas > Dentro da garrafa

A minhoca no seu drinque. Ganhei há algum tempo uma garrafa de mezcal (ou mescal), legítima, originária da região de Oaxaca, México, centro mundial de produção da bebida. Um destilado feito de uma planta nativa chamada agave (maguey para os mexicanos e pita, piteira-azul, pita-azul para nós). É uma planta geométrica, muito ornamental, de folhas grandes e acinzentadas, suculenta e fibrosa. A tequila, o pulque e o mezcal são feitos a partir de variedades de maguey e não de cactos, como muitos pensam.

O mezcal é um destilado irmão da tequila, produzido a partir de várias espécies de agave. Já a tequila só pode ser feita com base no agave azul. A bebida ancestral é o pulque, feito também de agave desde os tempos dos Astecas.

Ainda não bebi e sinto que o meu espírito desbravador e pioneiro esteja debilitado por um simples problema cultural

O meu mezcal tem um grande diferencial, além de sua bela cor dourada. É que lá no fundo da garrafa, adormecido, preguiçoso, encontra-se um minhocão avermelhado. Garantiram que eu poderia beber sem susto e no final até comer aquela larva, como se fosse a azeitona do meu martini. Veja aqui.

Na verdade, não se trata de uma minhoca, mas de uma lagarta, a primeira fase de vida de uma mariposa, comumente encontrada entre as folhas do agave. A minha lagarta já era adulta quando foi parar na garrafa, o que é comprovado pelos três pares de patas que apresenta.

Li que a moda de colocar essa forma de inseto na bebida data de 1940, quando um produtor resolveu experimentar a bebida com uma lagarta. Achou que seu sabor melhorava. E passou a colocá-las em suas garrafas.

Muitas marcas de mezcal oferecem a lagarta e algumas até incorporam o seu nome (gusano) no rótulo, como em “Gusano Rojo” (“Gusano Vermelho”, que é o caso da minha garrafa), ou nomeado pela quantidade de lagartas: “Dos Gusanos” (“Dois Gusanos”).

No México, o gusano é considerado uma iguaria e pode ser encontrado no cardápio de vários restaurantes.

Ainda não bebi e sinto que o meu espírito desbravador e pioneiro esteja debilitado por um simples problema cultural. Prometo resolver isso em breve. De vez em quando dou uma olhada na garrafa e fico atenta à lagarta, temendo que, talvez, de repente, tenha mudado de posição ou que suas patinhas comecem a mover-se.

De alienígenas no meu drinque ainda prefiro as azeitonas, cascas ou fatias de limão e laranja.

E você, amiga, recusaria um mezcal com gusano, mesmo se oferecido pelo charmoso Diego Luna? Optaria por um martini oferecido pelo Daniel Craig? Ou prepararia seu coquetel de Champagne com Angostura e o beberia toda lampeira, dando uma banana para os astros? Conte aqui para o Bolsa ou para a Soninha no [email protected]

Da Adega

1ª Jornada Internacional do Vinho . Vai acontecer no Rio, de 8 a 11 de agosto, no Centro de Convenções Sulamérica. Deverá receber nove mil pessoas, entre profissionais do vinho, da gastronomia e mais o público interessado em vinho. Teremos estandes com produtores e importadores apresentando seus rótulos, mais workshops com palestrantes de renome. O aclamado chef Roland Villard, da rede Sofitel, convidará sommeliers para harmonizar vinhos e pratos no restaurante Le Pré Catelan. O ingresso para o público custará R$ 25,00. Profissionais, como sommeliers, restauradores, distribuidores e varejistas terão entrada franca.

O Centro de Convenções Sulamérica fica na Rua Machado Coelho, 100, Cidade Nova, Rio. O telefone é: 21-20211180. Não perca. Tem tudo para ser o maior evento do vinho na cidade.