Cantora que foi drogada e estuprada escreve carta à Netflix criticando “365 DNI”

por | jul 7, 2020 | Comportamento

Desde sua estreia, o filme “365 DNI” tem repercutido fortemente entre o público e dividido opiniões. Recentemente, quem falou sobre o filme foi a cantora britânica Duffy.

Em carta direcionada ao CEO da Netflix, Duffy teceu duras críticas ao filme, especialmente pelo fato de a produção fetichizar crimes que ela própria sofreu no passado.

Duffy escreve carta à Netflix com críticas a “365 DNI”

Com a intensa repercussão do filme “365 DNI”, Duffy decidiu se posicionar sobre a produção – que vem sido alvo de críticas por parte do público devido à romantização do abuso sexual, da violência contra a mulher e da Síndrome de Estocolmo.

No longa, a protagonista Laura Biel (Anna Maria Sieklucka) é sequestrada pelo italiano Massimo Torricelli (Michele Morrone), um mafioso que vive uma paixão-obsessiva por ela e que dá um prazo de 365 dias para que a mulher desenvolva sentimentos por ele, enquanto mantida em cativeiro.

Em um primeiro momento, Laura reluta em estar com Massimo e é forçada a viver diversas situações, mas depois se diz apaixonada pelo sequestrador.

Em inúmeras cenas, Laura tem seu corpo tocado pelo criminoso sem autorização, o que é retratado como um ato de sedução e paixão, e não abuso e violência.

Em carta direcionada a Reed Hastings, CEO da Netflix, Duffy critica exatamente o enredo de “365 DNI” e como a trama do filme glamorizou crimes.

A crítica de Duffy acontece, principalmente, porque a própria cantora vivenciou experiências de violência sexual e sequestro.

Vítima de um sequestro e de uma sequência de violências sexuais por semanas, Duffy contou o que lhe aconteceu em uma carta aberta ao mundo publicada no site Duffy Words, em abril de 2020.

O relato revela que ela foi vítima de um sequestro seguido de cárcere privado e sucessivos estupros por semanas. O caso ocorreu há dez anos, quando Duffy viajou para fora do país (o local não foi revelado) e foi drogada e sequestrada.

“Não me lembro de entrar em um avião ou de viajar na traseira de um veículo. Fui colocado em um quarto de hotel e o criminoso voltou e me estuprou. Lembro-me da dor e tentei ficar consciente. Eu pensava em fugir enquanto ele dormia, mas não tinha dinheiro e eu tinha medo que ele chamasse a polícia e eles me colocassem como desaparecida”, contou Duffy sobre a violência sofrida.

Por ter sido vítima de violências como a que viveu anos atrás, Duffy achou pertinente protestar contra o filme “365 DNI”, que retrata de uma maneira romântica abusos que ela sofreu e que não deveriam ser vistos de maneira glamourizadas. Leia o texto:

Violência contra a mulher