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ATENÇÃO: ESTE CONTEÚDO POSSUI TEOR SEXUAL E É IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS.

Na hora de dizer ao taxista para onde era a corrida, engasguei. Então, achei melhor falar primeiro o bairro, depois o nome da rua e terminar mencionando um grande hospital como referência. Teria parado por aí, se o taxista não tivesse virado o corpo para o banco de trás e perguntado:

– O que tem nesse lugar?
– É uma casa de swing – tive que responder, emendando que aquela era uma noite especial, em que a casa estaria aberta só para mulheres, para um happy hour apimentado chamado “Clube do Batom”. – Uma espécie de vingança por temos passado tantas noites sozinhas enquanto os namorados iam para a pelada – expliquei já com o troco em mãos.

A fachada é discreta e os seguranças, gentis. A maioria das meninas está de vestido, chega na companhia de amigas e já começa a aproveitar o que a noite tem a oferecer. A primeira parada é no balcão de entrada, que está coberto por fantasias – é só escolher. Na sequência, uma passada rápida no cantinho da maquiagem para mais uma camada de rímel. Ao lado, uma sex shop improvisada vende lingerie, géis e anéis penianos – o simples sai por R$12,00 e o com vibro, R$22,00.

No mais, a boate não é muito diferente das outras. Toda espelhada, tem dois palcos – ambos com barra para pole dance -, sofás, banheiros e bar. É lá que peço uma caipivodka de morango logo depois que a minha vizinha opta por Sex on the beach. Não estou nem na metade do drink quando o garçom oferece uma cortesia: gela-shot – gelatina com vodka, servida no copinho de plástico. Todo mundo quer.

Sozinhas na casa de swing, o que as garotas mais fazem é tirar fotos. Agarram a barra de pole dance e foto. Sentam no sofá e foto. Balançam o arco com orelhas de coelho e foto. No meio de tantas amadoras, destaca-se Thelma Vidales (www.thelmavidales.com.br), fotógrafa profissional, especializada em fazer ensaios sensuais de pessoas comuns. “No início, bate um timidez. Mas depois elas se soltam e as fotos ficam lindas. Já fizemos ensaios com tema de carnaval, flores, samba”, enumera Margarida Quadro, assistente de fotografia, garantindo que o trabalho nunca sai vulgar. Folheio o álbum, bem feito, de capa dura, de um ensaio cujo tema é fruta. A modelo-por-um-dia divide os closes com gomos de tangerina e fatias de melancia. Feito no estúdio, um álbum com 20 páginas sai por cerca de R$ 850,00.

Achei que não fosse ver nenhum homem por ali, mas conto alguns. “E pode?”, pergunto a uma das organizadoras do evento e fico sabendo que são o garçom, o DJ e o tequileiro, que é um parágrafo à parte.

Importado da Argentina e dono de um sotaque sedutor, o nome dele é Daniel. Tem 28 anos, cabelos fartos, está de calça jeans, camisa branca, chapéu e diz que é o seu primeiro dia na casa. Eu faço que acredito. Daniel passa a noite inteira conversando com as meninas, faz carinho, joga charme. Embora seja trabalho, passa a impressão de que está flertando. Marca na cartela a dose de tequila e te dá o limão com a boca em um quase beijo.

Ao lado da escada, vejo uma placa onde está escrito: “Clothing is optional beyond this point”. Pelo menos hoje, não tem ninguém pelado nas várias cabines, uma ao lado da outra, que tomam o segundo andar. Cada uma tem uma decoração especial – juro que não são bregas. Reparo no detalhe do papel toalha na parede, nos ganchinhos para pendurar a roupa e no necessário ventilador. Um das cabines tem a chamada Cruz de Santo André, onde pode-se prender uma pessoa pelos braços e pelas pernas para práticas sadomasoquistas. Enquanto algumas cabines têm tranca, outras nem porta têm. É bom tomar cuidado porque uma delas engana: parece reservada, mas um espelho no teto mostra para quem está do lado de fora tudo o que acontece do lado de dentro.

Além das cabines, pertinho do DJ, há um carro vermelho onde todo mundo tira fotos. Como na adolescência, para ficar mais à vontade, a boa é o banco de trás, nesse caso, uma cama espaçosa.

É nessa hora que uma mocinha se aproxima e pergunta se não quero experimentar o Sensation. Ela me encaminha até a primeira cabine, que é grande, onde um homem forte, de calça e camisa pretas está deitado no sofá. Ela diz que vai me vendar e eu vou, em suas palavras, experimentar sensações com ele. Diante da minha hesitação, ela garante que eu é que conduzo os movimentos e que só eu posso tocar nele, que fica paradinho. Toca “Take my breath away”. Agradeço e desço a escada depressa.