Sexo ainda é um tabu. Mas existem mulheres que conquistaram a igualdade sexual com os homens e, totalmente desprovidas de preconceitos e cheias de personalidade, assumem o que gostam sem pudor. Elas são famintas, têm muito sex-appeal e emanam sensualidade. Para elas, o homem ter que tomar a iniciativa é coisa do passado. Essas devoradoras partem para cima, vão atrás do que querem, aprovam o sexo sem compromisso, não se preocupam se o carinha vai ou não telefonar no dia seguinte e lidam com a sexualidade tranqüilamente. Muitas vezes são mal compreendidas e rotuladas. Na verdade, apenas não querem se privar de sentir prazer. Longe de serem ninfomaníacas e de estarem numa caçada sem fim, essas mulheres simplesmente vivem e deixam viver. Como já disse Frejat, elas estão com os pés num salto alto, cheias de desejo, prontas para divertir os olhos gulosos de quem quer se arriscar a experimentar todo esse apetite. São puro êxtase.
Nem todo mundo teve a oportunidade de viver esse furor, mas quem experimenta não esquece. O empresário Ronaldo Magalhães narra, com saudade, o dia em que se sentiu caçado. “Ela primeiro avalia a caça, da cabeça aos pés. A princípio econômica nos sorrisos e gestos de simpatia, deixa a vítima o mais insegura possível, para avaliá-la melhor. Em seguida faz a aproximação, com uma conversa salpicada de perguntas aparentemente superficiais, mas sempre objetivando mapear a vítima, além de bem posicioná-la como caça. Aos poucos vai deixando claras as suas intenções ‘devoratórias’, lentamente, para não assustar o alimento… Ele tem que saber que vai ser bom pra ele também”, lembra Ronaldo, que quando percebeu que o trato tinha sido estabelecido, encarou seu papel de macho e partiu para as tradições, fazendo toda a representação de conquista e sedução. “Somente mais tarde é que ela assume novamente o comando, tendo já avaliado o alimento no sentido ‘físico’, e sabendo o que ele tem de mais saboroso, e onde pode deixá-lo mais, digamos “temperado”. Aí, se o cara estiver sintonizado, pode ser muito legal para ambos”, conclui. Para ele, a devoradora não é necessariamente uma dominadora, mas gosta de saber que o devorado entende e entra em harmonia com o seu modo de agir.
Melhor do que experimentar é viver com uma gulosa. Mas isso não é tarefa pra qualquer um, porque, além de muita paciência e criatividade, o fôlego é indispensável. “Quando conheci minha esposa, ela andava com o seu séquito atrás. Sempre tinha alguns homens disputando minutos da sua atenção. Eu fiquei encantado com a possibilidade da disputa, da concorrência e estava na maior febre do cachorro louco. Então, parti pra cima sem dó nem piedade”, conta o alpinista Antônio Donato, que mesmo no atraso ficou surpreso com a sua primeira vez. “Eu fui seqüestrá-la de uma festa ‘rave’ e fomos para minha casa que estava em obras, com o banheiro imundo. Ela estava toda enlameada, precisava tomar um banho e não se constrangeu: pegou a mangueira, arrancou a roupa e lá estava ela, linda, nua, me chamando… e eu, totalmente tímido, maravilhado e feliz por ela ter adiantado o meu lado”, explica. Antônio confessa que não é nada fácil se relacionar com ela, que além de bonita, é altamente sensual. “É uma mulher de verdade e espero ser devorado pelo resto da minha vida,” completa.
Como propaganda é a alma do negócio, tem muita mulher investindo pesado no marketing pessoal e vendendo gato por lebre. “Já fui enganado. Saí com uma menina que se achava a tal. Ela dizia que nenhum cara resistia à ela e que era superboa de cama. Fazia o estilo ‘wicca’, meio bruxa sexy, mas era mais ‘gogó’ do que outra coisa. Na verdade, não fazia metade do que pregava”, lamenta o designer Fábio Tadeu, que por ser tímido sempre gostou de mulheres que tomavam a iniciativa. Mas ele garante que só encontrou essas características em mulheres mais velhas, já que as mais novas só fazem barulho. E essa história é mais comum do que se imagina. O publicitário Fernando Mendes foi agarrado, jogado na parede e teve as mãos e os pés presos. Era tudo encenação. “Não me senti nem um pouco excitado, até porque faltou pressão de verdade. Ela veio com uma onda de mulher fatal que achei muito ridículo, fake e patético. Comecei a rir da cara dela e, pra meu desespero, percebi que ela ficava ainda mais atiçada com aquilo”, diverte-se.
Com a independência feminina, cada vez mais as mulheres estão encarando a sexualidade de forma natural e, na hora H, também querem sentir prazer. E os homens, que não são burros, estão curtindo essa revolução. “Gosto de mulheres dominadoras. Pra mim, quanto mais safada, melhor. Pô, a mulher que não fala, não mexe, não geme e não pede nada, serve somente para uma coisa: ficar em casa. Sozinha, é claro!”, exalta o bancário Felipe Aguiar, que bateu seu recorde namorando uma menina que demorou 40 dias para ceder aos seus apelos. “Tive minha compensação, pois posso dizer que ela me comeu. Preliminares profissionais, totalmente íntima na pegada e muita a vontade nas ações. Todos os homens gostam disso”, completa.
Nem todos. O mundo ainda está cheio de gente preconceituosa que acredita que a mulher é diferente do homem. O advogado Ricardo Motta assume que se assusta, mas que gosta de uma devoradora, apesar de ter seus limites.”É claro que prefiro transar com uma mulher ativa, quente, que saiba me dar prazer, mas jamais namoraria uma assim. Essas são só para sair. Para ficar junto comigo precisa ser tímida e comportada”, define. E não são só os homens que pensam dessa forma. Algumas mulheres ainda acham importante ‘manter o respeito’. “A mulherada está perdendo a linha, não se valoriza. Beija aqui e já vai para cama ali. Não há mais glamour, romance, conquista. Elas estão fáceis demais. Sinto inveja das histórias da minha mãe”, declara a professora Ana Lúcia Borges.
Fazer o que se quer não é tarefa muito fácil. Ser rotulada e criticada são apenas algumas das desvantagens de quem resolve enfrentar a hipocrisia e fazer a sua parte na transformação de uma sociedade machista. “Já ouvi muitas críticas, mas também nunca liguei para isso. Jamais deixei de fazer o que estava afim porque os outros iriam falar mal de mim. Comecei a transar com 13 anos e hoje, com 26, posso dizer que comi muitos homens na minha vida. Sinto vontade, bate o tesão, não perco tempo. Prefiro me arrepender de ter feito a não fazer”, explica a advogada Lúcia Lopes, que já está acostumada a ser chamada de ninfomaníaca pelos namorados. “Homem é muito inseguro na cama, eles morrem de medo que eu fale mal e acabe com suas reputações. Como já tenho a fama, deito na cama e abuso desse lado frágil deles. Todos que comi me respeitam, até porque sempre querem fazer um ‘revival’. Nunca terminaram comigo, nunca sofri por amor, os caras se apaixonam com esse meu jeito autêntico, sem limites e sem pudores”, diz.
Que sexo é bom, todo mundo sabe. O difícil é ser mulher e assumir suas atitudes diante de uma sociedade tão careta. Mas a vida é muito curta, então o melhor a fazer é ser feliz e nada impede que isso aconteça através de relações sexuais. O importante é se respeitar e fazer somente aquilo que realmente faz bem. Cada um com seu cada um. Como dizia o Raul Seixas: “Faça o que tu queres, pois é tudo da lei”.