Espírito latino
O clima mais ameno do que de muitos países da Europa faz com que os espanhóis tenham fama de calorosos, festeiros e amistosos. O que não deixa de ser verdade, na visão de um europeu. Aos olhos de um brasileiro, pode ser complicado identificar um hermano latino no velho continente. É difícil não chocar-se, por exemplo, com o jeito espanhol de se comunicar cotidianamente, que muitas vezes acaba soando como grosseria.
Além de falarem em tom altivo, os espanhóis usam e abusam do imperativo, tempo verbal que em português é empregado, em geral, para ordens ou diálogos informais. Mas isto não chega a tirar o sono de ninguém. Como eles mesmos diriam: no pasa nada. Depois de algumas semanas, o ouvido se acostuma e os nervos voltam ao lugar.
Apesar da pluralidade lingüística, os espanhóis não são muito tolerantes com os chamados estrangeirismos. Palavras em inglês, que cada vez mais invadem o idioma de diversos países do mundo, aqui ganham sotaque local ou simplesmente são traduzidas. É o caso do nosso corriqueiro mouse do computador, que na Espanha se chama ratón. Se para alguns estrangeiros isso parece fora de propósito num mundo globalizado, para os espanhóis, é algo totalmente natural. Assim, eles protegem sua língua, não por seguirem alguma ideologia nacionalista ou anti-ianque de massa, mas por não verem sentido em incorporar termos estranhos ao seu idioma natal.
Brasil em alta
O Brasil está na moda na Europa. E na Espanha não é diferente. Pelos pés dos jogadores brasileiros, chega ao país um pouco da nossa cultura, da nossa ginga, da nossa arte. Ronaldinho Gaúcho é estrela do Barcelona, melhor equipe de futebol espanhola da atualidade, e também de dezenas campanhas publicitárias por aqui. O craque tem a companhia ainda de Belletti e Edmilson, dois importantes jogadores brazucas. Outro grande time espanhol, o Real Madrid, reúne nada menos do que cinco jogadores da nossa seleção de futebol: Ronaldo, Julio Baptista, Roberto Carlos, Cissinho e Robinho.
A Espanha é o destino escolhido também por vários brasileiros comuns, que enxergam no país a possibilidade de ampliar seus estudos ou percebem aqui um lugar ideal para tocar a vida. Convênios entre universidades do Brasil e Espanha facilitam o acesso de estudantes brasileiros às faculdades daqui. Na cidade universitária de Salamanca, por exemplo, o número de jovens brasileiros se destaca frente ao dos demais estrangeiros, o que justifica a presença de restaurantes e bares, onde a feijoada e a caipirinha são as estrelas do cardápio.