Evandro Santo fala pela 1ª vez sobre dependência química: “Sair do armário como gay foi mais fácil”

Surpreendendo a todos, Evandro Santo recentemente usou as redes sociais para falar pela primeira vez sobre ser dependente químico. Conforme contou o humorista em um vídeo, ele começou a usar drogas esporadicamente em 2003, aos 29 anos – e, agora, durante a quinta internação para tratar a doença, ele relatou vontade de inspirar força e motivação em outras pessoas como ele.

Evandro Santo revela dependência química em relato inspirador

Em seu perfil no Instagram, o humorista Evandro Santo – famoso especialmente pelo personagem que vivia no “Pânico na Band” – fez um desabafo importante. Pela primeira vez, ele falou sobre ser um adicto, não apenas revelando estar na quinta internação para tratar a doença, mas também trazendo alertas poderosos sobre como tudo começou e um exemplo inspirador para muita gente.

No relato, Evandro disse que, na adolescência, se afastava conscientemente das drogas. “Eu tive uma adolescência bem tranquila, na verdade. Estava muito mais interessado em fazer balé, em fazer teatro, pagar minhas contas. Pensem comigo: saí de casa cedo, era gay, filho de mãe solteira… Mexer com drogas não estava nos meus planos. Eu sabia que poderia me derrubar a caminho da minha sobrevivência, dos meus planos”, disse ele.

https://www.instagram.com/p/CNEfqtknlEO/

Isso mudou, porém, em 2003, quando ele experimentou ecstasy. “Um grande amigo meu estava tomando ecstasy e ele parecia tão moderno, tão incrível, legal, reluzente, estava andando com os caras mais bacanas da balada, os mais interessantes… Eu pedi. ‘Quero tomar uma’. Tinha 29 anos. Tomei o primeiro ecstasy e foi aquela maravilha. A gente vai falar que é ruim? Não pode mentir. No começo é muito bom”, afirmou o humorista.

Na sequência, ele começou a usar a droga uma vez ao ano, e não acreditava que a situação poderia, um dia, se transformar em um problema. Na época, ele tinha inclusive preconceito contra pessoas que sofriam de dependência química. “’Ai que horror aquele viciado, ai que horror a pessoa que cheira cocaína’. Eu pensava assim com todo o julgamento e preconceito – o que é normal, eu era ignorante perante a questão”, disse.

Quando conheceu a chamada ketamina, porém, tudo mudou. Apresentado à droga que age com ação sedativa, ele, de início, não gostou, mas acabou recorrendo à ela durante momentos difíceis da vida. “Eu não dei conta de algumas demandas da vida, emocionais, porque levava tudo no peito. Acabei começando a usar, usar, usar…”, contou, ressaltando que, de 2014 a 2020, teve um uso bastante intenso da droga.

https://www.instagram.com/p/CEHjJGjn92N/

Desde 2014, ele foi internado em clínicas de reabilitação por cinco vezes, mas crê que só agora, na quinta internação, algo realmente mudou. “Foi nessa quinta internação que eu consegui, finalmente, falar e assumir: sim, eu sou doente. Sim, eu sou um adicto. Sim, eu preciso de ajuda. Sim, eu preciso ser internado. Foi a primeira vez que eu me internei voluntariamente, com vontade, e eu acho que isso fez toda a diferença”, relatou.

Na clínica, ele pediu que pudesse prolongar o período de tratamento para um ano, e explicou como a convivência com outras pessoas que têm o mesmo problema ajuda no processo. “Uma das coisas que eu mais gosto aqui é o momento de partilhar. Quando um fala uma coisa e você fala: ‘Pô, eu também já fiz isso, eu também tentei tirar minha vida, eu também me cortei’. É quando você passa a não ter mais vergonha de você. Porque você entende que tem uma doença”, relatou.

Empenhado em estudar tanto a própria doença quanto outras questões relacionadas à saúde mental, Evandro inspirou ao falar sobre o que o levou a decidir isso. “Por que eu quero fazer isso agora? Cara, porque eu tenho quarenta e seis anos e quero deixar um legado. Não quero que pessoas passem pelo que eu passei”, disse ele, enfatizando que dependência química tem tratamento desde que a própria pessoa queira passar por ele.

https://www.instagram.com/p/CDMPqkXnQVm/

Por fim, ele contou que admitir o vício foi bastante difícil – mas necessário. “Sair do armário como gay foi bem mais fácil do que admitir minha adicção. As pessoas julgam muito pela falta de força de vontade. Gente, eu tentei parar, sim, mas é dificílimo. Eu conheço pessoas que conseguiram por mérito, mas eu não sou um desses caras – eu precisei de ajuda e preciso de ajuda”, disse, acompanhando o vídeo com uma mensagem motivacional.

“Assumindo o B.O.. Saindo do armário do meu problema com drogas. Que este vídeo te ajude também a lidar com seus problemas ou sua saúde mental. É preciso coragem para pedir ajuda, é preciso ser humilde, é preciso quebrar o véu da ignorância que nos cerca. Ser um adicto não é o fim… Pode ser o começo de uma vida nova”, afirmou.

Veja o vídeo na íntegra:

https://www.instagram.com/p/CQhHcOZH5be/

Famosos